O 9º Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária (Simbravisa) só começa, oficialmente, na terça-feira (21/11), com a cerimônia de abertura. No entanto, mais de 300 pessoas já estiveram presentes no primeiro dia de atividades pré-simpósio, a fim de participar dos cursos, oficinas e reuniões. O evento acontece no Centro de Convenções de João Pessoa, na Paraíba, até 24 de novembro.
A oficina “Lutas sociais para garantia do direito integral ao SUS”, coordenada por Berenice de Freitas (Fiocruz Minas) e Rilke Públio (Fenafar/MG), promoveu um diálogo direto entre trabalhadores do SUS, gestores e integrantes de movimentos sociais. O encontro foi direcionado a partir da apresentação da Associação Mães de Anjos da Paraíba (AMAP), uma organização que reúne mães de crianças com microcefalia pela Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika.
Kamila Bianca, presidente da AMAP e mãe atípica, disse que a associação surgiu para unir gritos de mães e cuidadores, que, como ela, lutam pelo direito de garantir mais qualidade de vida para seus filhos – e para si. “A gente faz essas vozes gritarem mais alto. Muitas mães são abandonadas, acham que estão sozinhas, enfrentando um mar desconhecido”, disse.
Janine Santos, também mãe atípica e vice-presidente da AMAP, afirmou que a presença do movimento no 9º Simbravisa foi uma oportunidade para definir estratégias na melhoria das condições de saúde para essas crianças: “É uma honra ter essa discussão aberta aqui, pra gente debater algumas dificuldades. Algumas pessoas presentes são da gestão da saúde no estado, e podem agregar, encurtar esse nosso caminho tão longo”.
Para a coordenadora da atividade, Berenice de Freitas, foi um momento de escuta e compartilhamento, que ilustrou a importância da sociedade civil organizada na construção do direito à saúde. “Essa oficina foi um momento muito bom de escuta e compartilhamento, sobre o que é necessário ter no SUS para o direito integral à saúde. Aqui a gente tem técnicos, trabalhadores,gestores e usuários do SUS, e também é um espaço ocupado por movimentos sociais”, disse.
Ao final do dia, os participantes escreveram coletivamente a carta “ Um olhar sobre a Síndrome Congênita do Zika”, que apresenta uma lista de reivindicações para a garantia do cuidado integral às crianças, por todo o ciclo de vida: desde operações e outras intervenções médicas para garantir dignidade e qualidade de vida, até o treinamento de profissionais envolvidos com o cuidado, por exemplo em creches e escolas. O documento deve ser aprovado na plenária final do 9º Simbravisa.
Pré-simpósio continua no dia 21 de novembro
Aline Grisi, da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa, participou de outra oficina, sobre a implantação do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) em Unidades do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), e afirmou que foi um momento de muito aprendizado para quem trabalha na área: “Muito importante entender mais sobre esse processo de transformar e modernizar o fluxo de trabalho que envolve o SGQ, vai enriquecer nosso profissionalismo, e contribuir para inovar a vigilância aqui do município”.
As atividades pré-simpósio continuam na manhã de 21 de novembro, e, a partir do dia 22, os participantes contam com uma rica programação científica, além da programação cultural e da Tenda Paulo Freire. O evento terá conferências com Maurício Barreto, epidemiologista, coordenador do Cidacs/Fiocruz Bahia e professor da UFBA; Luana Araújo, consultora de analytics no departamento de Big Data do Hospital Albert Einstein; e Gonzalo Vecina, ,fundador e ex-diretor da Anvisa. Confira todos os debates, mesas e painéis no site do evento.