No sábado, 10 de outubro, o Brasil ultrapassou a marca dos 150 mil mortos por coronavírus. Manifestação de luto das entidades que compõem a Frente pela Vida aponta que “muitos óbitos poderiam ser evitados se o governo federal tivesse assumido sua responsabilidade no enfrentamento da pandemia, seguindo a ciência e fortalecendo o SUS”. A marca trágica repercutiu na imprensa, com destaque para o negacionsimo, as incertezas e a nossa saúde mental.
Ao portal Uol, Bernadete Perez, da Universidade Federal de Pernambuco e vice-presidente da Abrasco, alertou que a quarentena não foi feita de maneira adequada no país e que decisões equivocadas matam, principalmente populações mais vulneráveis. “Parte das pessoas, fundamentalmente as autoridades, banalizaram a epidemia. Como se essas mortes fossem normais, mas não são. Ainda mais quando a gente considera o fator mais grave que é que parte das pessoas que estão morrendo são as mais vulneráveis: idosos, a população negra, a população pobre, as populações indígenas”, afirmou.
Conhecer a dimensão da doença é fundamental para a elaboração e a definição de políticas públicas, mas matéria do jornal Folha de São Paulo mostra que no Brasil esta dimensão é uma incógnita. Os números são subestimados e estudos conduzidos por diversos especialistas de várias instituições tentam desvendar a Covid-19.
Sobre reinfecção e imunidade, o epidemiologista Aluísio Barros, da Universidade Federal de Pelotas, do estudo EpiCovid, ressaltou que “ainda estamos no escuro”, já que “os casos de suspeita de reinfecção pelo novo coronavírus ainda são duas dúzias no mundo inteiro. Não se sabe se isso é boa notícia ou sinal de relativa ignorância. Uma pessoa pode ter tido infecção assintomática, raramente detectada, e uma reinfecção com sintomas leves ou vice-versa”, explicou.
Com as incertezas, a saúde mental das pessoas se deteriora com o prolongamento da pandemia no país. Ao Uol, o psicanalista Christian Dunker afirmou que houve aumento de 98% em casos de depressão e ansiedade. Para o cientista social Paulo Silvino Ribeiro, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), há desgaste com o isolamento e a sensação de perigo diminuiu com a “visão negacionista da realidade, alimentada por empresários e por diferentes representantes do poder público quando a doença ainda estava no seu auge”, concluiu.