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Produção de conhecimento durante a pandemia: Márcia Furquim, editora da RBE, foi entrevistada pelo Nexo

 

Márcia Furquim, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) e editora científica da Revista Brasileira de Epidemiologia da Abrasco, falou ao Nexo sobre as publicações científicas em tempos de pandemia. Aceleração dos processos, erros, retratações, mudanças, politização do uso de medicamentos. “É o cenário que nós estamos vivendo. Isso tudo é um avanço da produção de conhecimento, só que, de vez em quando, precisamos tomar cuidado em como usá-lo”, disse a professora.

Os desafios das publicações científicas foram tema de painel na Ágora Abrasco, no começo de junho. A atividade “Publicação científica nos tempos da pandemia da Covid-19”  contou com as presenças das editoras científicas Leila Posenato Garcia, da revista Epidemiologia e Serviços de Saúde e Cláudia Medina Coeli, da Cadernos de Saúde Pública e também de Abel Packer, diretor científico do portal Scielo/Fapesp. O painel, coordenado por Márcia Furquim, abordou as mudanças nas publicações, com os preprints e a adoção de fast tracking em tempos de pandemia. Os periódicos do Fórum de Editores de Saúde Coletiva da Abrasco estão utilizando o método que acelera o ciclo de avaliação por pares.

Em tempos de pandemia, a busca por tratamentos eficazes e vacinas faz com que a produção científica aumente em um curto espaço de tempo. Os processos são acelerados e o desafio é a manutenção da integridade da pesquisa, dos rigores metodológicos e dos padrões da boa ciência. “O cientista está acostumado com tempos mais lentos”, pontuou Cláudia Medina Coeli no painel da Ágora Abrasco.

Assim como no painel, a matéria no Nexo contou um pouco sobre os casos dos estudos envolvendo os medicamentos ibuprofeno, cloroquina e hidroxicloroquina. Em março, a Organização Mundial da Saúde recomendou a suspensão do uso do ibuprofeno no tratamento de pacientes com a Covid-19, mas voltou atrás por conta de inconsistências nas pesquisas. Em maio, a revista britânica Lancet, uma das mais prestigiadas do mundo, publicou estudo com elevado número de participantes ligando o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina ao aumento no número de mortes de pacientes hospitalizados. Porém, as informações foram questionadas e estão sendo investigadas. Três dos quatro autores publicaram uma retratação na revista. O quarto autor é dono da empresa que forneceu os dados dos pacientes.

Márcia Furquim pontuou que os pesquisadores estão tentando entender a epidemia e contribuir para sua contenção e que, na área da saúde, o “cuidado tem que ser redobrado, porque isso vai ter um impacto em como vai tratar os pacientes”, disse ao Nexo. “Claro que, no momento que a gente está vivendo, numa pandemia, todo mundo vai tentar. Faz parte do ser humano procurar uma coisa que possa minimizar o efeito do vírus. As pessoas procuram tentar entender o que está acontecendo”, concluiu.

Leia na íntegra a matéria do Nexo e a cobertura do painel sobre publicações científicas da Ágora Abrasco.

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