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Memória da violência e saúde no Brasil

Emerson Rocha, da Fiocruz Mata Atlântica

O Auditório do Térreo da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) recebeu, na manhã de domingo, 29 de julho, a mesa-redonda com o tema “Memória da violência e saúde no Brasil”, dentro do 12º Congresso Brasileiro da Saúde Coletiva – Abrascão 2018. Com a coordenação da pesquisadora Simone Gonçalves de Assis, coordenadora executiva do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/Ensp), o debate ainda contou com a presença de Fernando Alvares Salis, pós-doutor em Comunicação e professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), e de Marta Maria Alves da Silva, médica sanitarista do Hospital das Clínicas da UFG/Ebserh e do Núcleo Vigilância de Violências e Promoção da Saúde/SMS Goiânia.

Além de discutir a memória da luta contra a violência e a promoção da saúde, Simone Assis apresentou um documentário sobre a história de todas as ações realizadas até hoje sobre essas questões no Sistema Único de Saúde (SUS). Com diversas entrevistas de especialistas, o vídeo conta os motivos para a criação do Claves, em parceria da Fiocruz e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), no ano de 1988. Uma das participações foi do professor da Universidade Nacional da Colômbia, Saul Franco.

Entre as conquistas mencionadas no documentário, estão a criação dos núcleos acadêmicos e práticos; Rede Nacional de Prevenção de Violência e Promoção de Saúde, com núcleos em estados e municípios; Política Nacional de Promoção à Saúde, com várias normativas; e as leis como os Estatutos do Idosos, do Desarmamento e da Criança e Adolescente. Para a pesquisadora Simone Assis, o documentário mostra bem como foi todo o processo de trabalho durante todos esses anos.

“A Fiocruz é um fragmento. Essa história é sobre violência e saúde de todo o país. Só aqui no debate, tinha gente de vários estados. É uma tentativa de juntar as peças, pois é uma construção coletiva. O vídeo faz a parte histórica, que tem uma iniciativa do CLAVES, do Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP) e de outros parceiros. Naquela época, essas instituições se juntaram para começar a pensar e colocar mais foco na questão da violência. Foi um começo, mas esse processo foi expandido em uma rede de capacitação muito forte. E tudo isso deu fruto aos vários trabalhos apresentados aqui no Abrascão. Resultado de uma política forte sobre esse tema”, acredita Simone.

Com a bagagem de um pós-doutorado em comunicação, Fernando Salis foi o grande desenvolvedor do documentário. Ele diz que o objetivo da produção audiovisual é para preservar a história dessa luta dentro do SUS e entusiasmar os futuros profissionais da área.

“O filme não foi feito para o congresso da Abrasco, mas foi uma ótima oportunidade da gente também gravar as impressões sobre o vídeo e a discussão que essa mesa ocasionou. A gente vai tentar usar alguns trechos na versão final do filme, que veio como uma demanda do pessoal do CLAVES e de todos os parceiros mencionados e que construíram a história desse tema. Tudo para que possamos fomentar a construção dessa memória, que ela seja permanente e que ajude a inspirar as pessoas que estão agora trabalhando nessa área, quanto para quem está vindo por aí. Até para essa trajetória não seja perdida e que as pessoas saibam como esse trabalho perdure e se desenvolve ainda mais”, argumenta Fernando.
Já para a médica sanitarista Marta Silva, o documentário é uma oportunidade de olhar para todas ações que já foram feitas. Segundo ela, debater a violência no Abrascão é muito importante para destacar o trabalho feito nessa questão dentro do SUS.

“Essa mesa se torna fundamental para resgatar essa memória da Política Nacional De Redução da Mortalidade por Acidentes e Violências, no Sistema Nacional de Saúde. Ao trazer esse vídeo é importante para a visibilidade e mostrar essa trajetória. A gente trabalha tanto, mas infelizmente temos poucos registros dessas ações. Por isso que quando vemos esse filme, a gente fica tomado de emoção. Foram tantas coisas feitas no enfrentamento da violência, no SUS e na articulação com os outros setores. São legados, frutos, produtos. Nada foi em vão. O que nos enche de orgulho e dá mais energia para seguirmos na luta”, afirma Marta. O documentário sobre a memória da violência no Sistema Único de Saúde ainda está em processo de acabamento e será disponível em breve, na internet.

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