À Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)
Primeiramente, gostaríamos de manifestar nosso apoio à Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da (Abrasco), bem como as atividades realizadas ao longo dos últimos anos, visando o fortalecimento das Ciências Sociais e Humanas no campo da Saúde Coletiva, como a expansão e o fortalecimento dos cursos de graduação em saúde coletiva e o incentivo a publicações que refletem as perspectivas dessa sub-área da Saúde Coletiva.
Contudo, através dessa moção, apelamos para que a discussão acerca da atuação dos profissionais de Ciências Sociais e Humanas na formação, na pesquisa, no desenvolvimento de projetos e planejamento de políticas públicas e nos serviços de saúde, ganhe espaço dentro do plano operativo da comissão, rompendo a divisão estanque das Ciências Sociais/Humanas com a Saúde. Acreditamos que somos pertencentes organicamente do projeto de pensar e fazer saúde, mas, para isso, é preciso que haja espaço para atuação desses profissionais no campo.
Através das discussões realizadas nos últimos dias no Fórum “Ciências Sociais e Humanas e Saúde: Qual o Papel desses Profissionais na Saúde Coletiva?” e na Mesa Redonda “Transdisciplinaridade: formação e atuação do profissional de Ciências Sociais no campo da Saúde Coletiva”, entendemos que é necessário pensar o papel do profissional de ciências humanas na saúde coletiva em dois aspectos: tanto no aspecto fazer saúde no âmbito do cuidado stricto sensu, nos serviços de atenção à saúde, na atenção básica e também na formação acadêmica e na pesquisa, ou seja, esses profissionais são importantes para o Fazer Saúde.
Para tanto é preciso pensar na reformulação dos planos políticos pedagógicos dos cursos de saúde: reforçar a transversalidade das ciências humanas e sociais durante a formação e durante a formulação de políticas e pesquisas e não que haja uma forma utilitária dos saberes dessas ciências e suas metodologias.
Acreditamos que a divisão entre ciências sociais /humanas e a saúde tem se expressado na reserva de vagas para os profissionais das ciências biomédicas nos processos seletivos ocorridos no âmbito dos departamentos e cursos de saúde coletiva, dificultando a intersecção entre os campos, além de impactar no processo formativo desses profissionais de saúde, na medida em que na formação pode ficar comprometida a dimensão crítica e social do processo de saúde-doença.
Isto posto, é preciso reforçar que as ciências sociais e humanas têm um papel fundamental não somente na formação teórica, mas também na via mais prática dos cuidados e dos processos que envolvem a saúde coletiva e o fazer saúde.
Aprovada por aclamação pela plenária final do 8º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (8º CBCSHS), em 30 de setembro de 2019, na Tenda Palmira Lopes, Campus I da Universidade Federal da Paraíba – UFPB.