Desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a monkeypox como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional, em julho de 2022, há estigma e desinformação sobre a transmissão da doença e a comunidade LGBTQI+ . Para gerar políticas públicas efetivas de prevenção e tratamento, sem descriminalizar grupos específicos, é necessário produzir dados com variáveis de raça/cor e etnia, gênero e orientação sexual.
É o que defende Daniel Canavese, pesquisador do GT LGBTI+ da Abrasco e um dos autores do artigo Pela urgente e definitiva inclusão dos campos de identidade de gênero e orientação sexual nos sistemas de informação em saúde do SUS: o que podemos aprender com o surto de monkeypox? , publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva.
O documento traz propostas para orientar a comunidade científica, gestores de saúde e a sociedade, de forma geral. Além de recomendar a adoção de ações imediatas de cuidado – como testagem, vacinação, e atenção clínica -, frisa a necessidade da divulgação dos dados de monkeypox nos boletins epidemiológicos, organizados pelos marcadores, e também a disponibilização dessa informação em espaços de ciência aberta, assim como a produção de campanhas de comunicação.
Para o pesquisador, um dos objetivos do texto é comunicar o quanto os marcadores indispensáveis para que possamos compreender as necessidades de saúde e as questões de vulnerabilização, particularmente. “A resposta brasileira demonstra os impactos de não termos esses dados, dando margem para as situações de estigma, propagação das fake news. É urgente que tenhamos uma produção de dados nos sistemas de informação com essas variáveis, para que possamos analisar, planejar e intervir”
Canavese também defende que a sociedade civil e a comunidade científica também exijam, nos diferentes espaços de atuação, a produção de informação que subsidie as políticas de equidade em saúde.