O Movimento da Reforma Sanitária Brasileira – MRSB reuniu suas entidades durante o 3º Congresso de Política, na manhã do dia 3 de maio, em Natal. Gastão Wagner, presidente da Abrasco, iniciou a reunião lembrando o último encontro que aconteceu em junho de 2016, quando foi apontada a necessidade de uma reunião como esta que trouxesse definições de estratégia para um curto prazo; definições para a construção de um projeto político de médio prazo para a disputa da hegemonia e ainda a organização de um bloco político capaz de influenciar o debate eleitoral de 2018.
Para além de representantes de entidades como Associação Brasileira da Economia da Saúde, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, a Rede Unida, a Plataforma Política Social, ou a Sociedade Brasileira de Bioética, vários movimentos sociais foram, pela primeira vez, ouvir o debate da Reforma Sanitária – “Sou da Articulação Nacional de Luta contra o HIV e membro da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com a aids, estou aqui porque nossa luta é pelo Sistema Único de Saúde, o SUS e ele está sob risco, assim como a política de aids também está em risco”, disse Moyses Toniolo.
Acesse aqui o álbum de fotografias da reunião.
O presidente da Associação Brasileira da Economia da Saúde – ABReS, Carlos Ocké-Reis abordou dois pontos – “Temos aqui duas tarefas muito concretas: sair daqui com uma ideia muito clara no que se refere à nossa luta, resistência e oposição antifascista, defendendo os eixos que parecem consensuais como o nosso ‘nenhum direito a menos’. Independentemente do mérito das nossas questões, precisamos definir um conjunto de ações táticas para organizar nosso movimento. A segunda tarefa é nossa ação política, sem dúvida nenhuma, a melhor maneira para construirmos unidade é organizando nosso debate. Sugiro realizarmos uma atividade presencial como um simpósio, onde as forças políticas que estão colocadas aqui se expressem em relação ao nosso programa, se expressem através de suas divergências. Mas o importante é radicalizar a luta anticapitalista em defesa do SUS, fazer um debate teórico sobre o fim do Movimento da Reforma Sanitária que não viu o mercado crescer a passos largos mesmo dentro do governo do PT. Me pergunto como o governo do PT aprovou a internacionalização do mercado de serviço de saúde? Este foi o fortalecimento do mercado em detrimento do Estado e da esfera pública, um erro estratégico grave! Chamo atenção para o divisionismo e sectaristno é central nas nossas fileiras, nós realmente precisamos avançar na nossa questão organizativa. E para nos organizarmos melhor, precisamos discutir com grandeza as nossas divergências porque o que está em jogo é, na minha visão, a defesa da vida, do SUS e do socialismo”, pontuou Ocké.
Nelson Rodrigues dos Santos, representando o Instituto de Direito Sanitário Aplicado – Idisa, fez um apanhado histórico da mobilização e organização da sociedade pelo SUS. ‘Nelsão’ falou por 15 minutos e deixou várias perguntas ao MRS – “Quanto tempo nós dispendemos da nossa luta, corações e mentes, para outras lutas fora da saúde? O que nós, do SUS, sabemos da previdência? O que nós, do SUS, sabemos de reajuste fiscal? O que sabemos de educação? Para compartilhar, socializar e fortalecer a luta dos companheiros desses setores que tratam também do direito da população?” questionou o histórico militante do Movimento Sanitário.
Acesse aqui a transcrição da fala de Nelsão durante a reunião do MRSB.
Gastão Wagner finalizou a reunião elencando uma série de encaminhamentos: o Movimento Sanitário precisa dialogar com o movimento sindical, com a Igreja Católica e com a OAB.
Como estratégia de resistência, o MRSB deve valorizar e apoiar as Conferências de Saúde da Mulher e de Vigilância em Saúde, que acontecerão em 2017. O presidente da Abrasco pontuou ainda a constituição de um Núcleo Executivo do MRSB, com um representante por entidade/movimento, assim como pediu o esforço de todos para a realização de uma atividade presencial (plenária, encontro, simpósio ou seminário – a definir) – “Agradeço a presença de todos e reforço: o que não tiver consenso não sai, temos que confiar uns nos outros, vamos discutir e debater juntos a pauta do Movimento da Reforma Sanitária!”, pediu Gastão.
Relembre outras reuniões do MRSB:
Em 24 de março de 2014
Em 30 de maio de 2014
Em 11 de setembro de 2015
Em 3 de junho de 2016