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Mulheres na ciência: apesar de avanços, ainda falta representação em cargos de liderança

Letícia Maçulo

Mulheres são maioria dos profissionais de linha de frente na saúde.
Mulheres são maioria dos profissionais de linha de frente na saúde. Foto: Freepik

Mulheres representam mais da metade da população brasileira. Mas, segundo dados do IBGE, continuam sendo minorias em cargos públicos de gestão. Mesmo mais instruídas que os homens, com mais acesso ao ensino superior, continuam em desvantagem em áreas relacionadas à ciências exatas e tecnologia. O dia 11 de fevereiro, dia das meninas e mulheres na Ciência, nos permite refletir sobre os lugares ocupados pelas mulheres e meninas que produzem conhecimento no Brasil e as dificuldades enfrentadas para permanecerem nesses postos. 

No campo da saúde, mesmo representando 70% da força de trabalho e 90% dos profissionais de saúde da linha de frente, mulheres ocupam apenas 25% dos cargos de liderança, segundo o Women in Global Health Movement. Para entender essa discrepância é preciso levar em conta questões de gênero, raça e maternidade. 

Para Laurenice Pires, diretora de estratégias da Women in Global Health Movement Brazil, a diversidade é a chave para a mudança. “Somente com diversidade na ciência seremos capazes de produzir conhecimentos e soluções que beneficiem quem mais precisa. Por isso, a diversidade de gênero e de raça é fundamental para uma ciência justa”, afirma. 

Na produção de conhecimento não é diferente: uma pesquisa realizada pelo Movimento Parent In Science mostra que mulheres, principalmente com filhos e negras, foram as pessoas que mais sentiram o impacto da pandemia na sua produtividade acadêmica. Não só elas tiveram mais dificuldades de cumprir os prazos, como também tiveram mais dificuldades de trabalhar remotamente do que seus colegas homens.  

Para Leticia de Oliveira, integrante do núcleo central do Parent In Science , a ciência no Brasil e no mundo ainda é muito excludente quanto às questões de gênero e raça, especialmente em espaços de poder e nas carreiras exatas e tecnológicas. Recentemente, editais de financiamento e bolsas passaram a incluir critérios específicos que consideram os períodos de licença maternidade na análise dos currículos. Uma decisão recente do CNPq, atendendo a demanda de movimentos sociais, passou a incluir um campo para licença-maternidade na plataforma Lattes. Mesmo com essas vitórias, ainda há um longo caminho para se trilhar. 

“Ainda é preciso instituir políticas de apoio e inclusão referentes a outros grupos sub-representados na ciência tais como pessoas negras, indígenas, com deficiência etc. A diversidade é importante não apenas por uma questão de justiça, mulheres e negros são metade da população, mas também porque a diversidade leva a uma melhor ciência, como diversos artigos científicos têm demostrado”, afirma Leticia. 

Na contramão das estatísticas, Rosana Onocko, presidente da Abrasco, reforça a importância de meninas e mulheres na produção de ciência no país e principalmente, em cargos de gestão. “Nós mulheres sabemos muito bem as dificuldades que enfrentamos na sociedade como um todo para ocuparmos lugares de destaque e de liderança. No caso da ciência e de suas instituições não é diferente.”, garante.

“Mas, eu gostaria de falar hoje para as cientistas mais jovens e dizer algumas características que desenvolvemos – até por causa da opressão patriarcal – e que nos tornam muito competentes para a atividade científica. Nós mulheres somos curiosas e estamos sempre bastante atentas ao ambiente e às emoções alheias. Isso nos torna lideranças capazes de atuar pela legitimidade e pela persuasão. Conseguimos coordenar equipes colaborativas e coesas. Também somos geralmente muito atentas aos detalhes. Isso é central na atividade de pesquisar.”, conclui. 

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