Não foi apenas a ciência, a saúde e a política que marcaram o 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o Abrascão 2015, realizado em Goiânia entre os dias 28 de julho a 1º de agosto. Além dos vários cursos, oficinas, palestras, mesas-redondas e debates, a cultura, em suas mais variadas expressões, movimentou os seis dias do evento. O destaque foi, principalmente, as manifestações culturais do Centro-Oeste brasileiro.
Artistas regionais revezaram-se em vários espaços do campus Samambaia, na Universidade Federal de Goiás (UFG), levando a arte e o lúdico para os participantes do evento. “A organização do evento priorizou artistas independentes e que trouxessem um pouco da cultura goiana para as mais de 5,5 mil pessoas de todas as partes do Brasil”, disse Marla Castro, curadora da programação. Para ela, tamanha diversidade e riqueza de atrações culturais possibilitaram ao congressista a reflexão e o reconhecimento de que a Saúde Coletiva também é um meio produtor de cultura. Além de Marla, compuseram a comissão Sônia Maria R. Santos, José Antônio O. Alves e Heloisa S. Guerra.
Projetos musicais e circenses já conhecidos do público goiano, como Passarinhos do Cerrado, Bloco Coró de Pau, Maíra Lemos, Vida Seca, o grupo de dança ¿Por Quá?, palhaço Saracura do Brejo e as bandas Mundhumano e Carne Doce estiveram no Congresso, totalizando 41 apresentações. Houve ainda sessões de filmes e documentários na Tenda Abrasco Jovem.
O artista e compositor Kleuber Garcez falou da alegria que foi apresentar o projeto Repente Ilustrado ao lado da banda D’Lírios do Cuca, esta formada por usuários da Rede de Atenção Psicossocial, na quarta-feira, 29 de julho. “Eu não esperava que fosse tanto gratificante ver esse projeto que ressocializa os pacientes com a música. Para nós do Repente Ilustrado, que trabalhamos com improviso, nos sentimos ainda mais livres. Foi muito bonito de ver”, afirmou Kleuber.
Janaína Soldera, cantora da banda Mundhumano, que imprime nas músicas a fusão de ritmos e da ancestralidade da cultura negra pelo mundo, falou da emoção levar a musicalidade da banda para o Abrascão 2015. “Essa transversalidade saúde e arte, cultura e saúde, proposta no Congresso, nos contempla muito, pois nos aproxima da discussão de Saúde Coletiva”, disse ela, que é usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) e sabe da importância desse debate para a sociedade. “O próprio nome Mundhumano faz alusão a um mundo mais humano e mais fraterno. Fazer música e arte no Brasil é semelhante à luta da Saúde Coletiva”, explicou a cantora.