Moção aprovada no 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde
A ascensão da violência contra o povo palestino, desde 7 de outubro, quando ocorreu o condenável episódio de violência por parte de Hamas, vem causando repulsa na comunidade internacional e expondo novamente a desproporcional força bélica que Israel utiliza contra a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. O resultado são as mortes de civis, grande parte delas de crianças, e a certeza de que interesses coloniais dão a tônica ao atual desfile de atrocidades.
Em Gaza e na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, o Estado de Israel mostrou sua realidade de um Estado colonial, racista e de apartheid, quando negou, desde o dia 7 de outubro, o fornecimento de água, comida, luz e combustível a 2,3 milhões de seres humanos em Gaza sob cerco há 16 anos na maior prisão ao ar livre no mundo.
Segundo a ONU, ao menos 420 crianças foram mortas ou feridas todos os dias desde o dia 7 de outubro de 2023. Desde então, mais de 3457 crianças foram assassinadas em Gaza. Segundo Save the Children, Israel matou mais crianças em Gaza do que todos os conflitos mundiais desde 2019.
A escalada de agressões de Israel não para e tem sido amplamente reconhecida como atos de genocídio, inclusivo por pensadores de fé judaica como Judith Butler e Gabor Maté. Além de bombardear hospitais e escolas, Israel bombardeou o campo de refugiados de Jabalia, dizimando famílias inteiras e totalizando 400 mortos.
Diante desse cenário, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco – vêm a público reafirmar suas posições em defesa do Estado palestino, historicamente negado por Israel, e pelo fim imediato dos ataques contra o povo palestino em Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, também militarmente ocupada por Israel, de maneira ilegítima, conforme reconhecido por todas as resoluções da Organização das Nações.
A paciência de todo o mundo está esgotada frente à atitude cínica do governo dos Estados Unidos que, diante das posturas genocidas do governo israelense contra o povo palestino, sustenta despudoradamente que Israel tem seu apoio para se defender dos ataques vindos do Hamas. Não é o povo palestino sofrendo o colonialismo de apartheid israelense que, dia a dia, tenta manter inteiro seu território, assim como sua gente e sua integridade? Será que, para os Estados Unidos, os palestinos não existem ou não merecem ser dignos? Qual a base de análise dos países que apoiam o “direito” de Israel a matar civis?
Por tudo dito acima e pelo fato desta situação não requerer apenas um chamado de solidariedade, ainda que extremamente necessário, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva posiciona-se no sentido de:
1 – Manifestar absoluto repúdio aos ataques de Israel ao povo palestino e ao governo dos Estados Unidos da América, que não olha para o outro lado e não intervém ativamente pelo direito à vida do povo palestino.
2 – Convocar todos os militantes sanitaristas e povos a manifestar o repúdio ao governo de Israel e dos EUA e a todos os governos que não intervêm contra a agressão israelense da mesma maneira que fizeram e fazem com as lutas no mundo árabe.
3 – Convocar todos a se manifestarem em apoio e solidariedade ao povo palestino, reforçando o chamado da Sociedade de Ajuda Médica Palestina PMRS, que pede a todos os doadores internacionais e ministros da Saúde para assinar e pactuar com o fundo de ajuda e com o envio de força de trabalho para a Faixa de Gaza tão logo seja possível.
4- Conclamar pelo fim do colonialismo de Israel contra o povo palestino e pelo direito de retorno nos moldes da Resolução 194 da ONU. O direito dos povos exige a declaração do Estado Palestino pela ONU.
Viva a luta anticolonial do povo palestino!
Associação Brasileira de Saúde Coletiva