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Nosso adeus a Isaías Raw

Bruno C. Dias, com informações da Folha de S. Paulo, Instituto Butantan e IEA/USP

Isaias Raw em sessão do Instituto de Altos Estudos da USP, em 2017 – Foto: IEA/USP

A Abrasco – Associação Brasileira de Saúde Coletiva – se junta às demais comunidades científicas na despedida a Isaias Raw. Um dos principais nomes da ciência brasileira e pioneiro em biotecnologia em saúde, Raw faleceu nesta quarta, 14 de dezembro, em São Paulo, aos 95 anos.

Nascido na capital paulistana em 26 de março de 1927, desde menino tinha o interesse nos assuntos da ciência. Por esse motivo, escolheu o curso de medicina da recém-inaugurada Universidade de São Paulo (USP), formando-se em 1950. Na mesma instituição fez os cursos de mestrado e doutorado em bioquímica, em 1954, apresentando tese de livre-docência em 1957.

Junto com a pesquisa de ponta, sempre se envolveu com a divulgação cientifica, tendo sido diretor do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (Ibecc, 1952), que fazia parte da Unesco.

Durante os anos da ditadura militar (1964-1985), foi cassado pelo AI-5 e teve de sair do Brasil, período no qual foi professor visitante da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, e das universidades MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Harvard e do Centro Biomédico de Educação da City College (Nova Iorque).

Ao retornar ao Brasil, dedicou-se ao desenvolvimento científico e tecnológico de vacinas no Instituto Butantan, ajudando a construir a capacidade de produzir 200 milhões de doses entregues ao plano nacional de imunizações no instituto.

Seu reconhecimento entre os pares se deu em vida. Ingressou para a Academia Brasileira de Ciências (ABC) em 1987, recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico em 1994, o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1995 e foi considerado grão-cruz da mesma ordem em 2001, a mais alta condecoração científica no país, entre outras condecorações

O vice-presidente Claudio Mairovitch destaca o pioneirsmo de Raw. “Além de grande cientista e professor, Isaías Raw era um ousado e inquieto batalhador. Trabalhou muito para aproximar a ciência das pessoas e colocá-la a serviço da vida. Foi pioneiro em muitas iniciativas para que o Brasil tivesse domínio e capacidade tecnológica na área de saúde, como na produção de soros, vacinas, medicamentos biológicos e hemoderivados. Nem todas tiveram sucesso, mas esta era justamente uma de suas marcas: não desistir facilmente. Desta forma, deixa um grande legado, bem representado materialmente no Instituto Butantan”.

Para Reinaldo Guimarães, também vice-presidente da Abrasco, é uma perda para todo o país e para a ciência internacional. “Isaias foi um gigante. O Butantã e o Brasil devem muito a ele. Grande perda, tristeza grande, atenuada pela grande e longa vida que teve”. A Isaias Raw, Guimarães dedicou um de seus artigos mais recentes, O Instituto Butantan e a Vacina Brasileira AntiCOVID, publicado em Ciência & Saúde Coletiva, no ano passado.

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