Faleceu na tarde desta terça-feira, 22, no Rio de Janeiro, Antônio Modesto da Silveira, aos 89 anos. Advogado das causas populares, ex-deputado federal nos primeiros anos da distensão do Regime Militar e militante dos movimentos sociais, inclusive do SUS, Silveira foi um dos articuladores da Lei de Anistia. A causa da morte não foi comunicada pela família. O velório será realizado amanhã (23), das 08 às 15 horas, na sede da OAB-RJ (Avenida Marechal Câmara, 150, 9º andar). O sepultamento será às 16 horas, no cemitério São João Batista, em Botafogo.
Nascido em Uberaba (MG), Silveira foi filho de lavradores sem-terra do interior de Minas Gerais. As duras condições de vida no interior do Triângulo Mineiro levaram-no a trabalhar como operário de uma pedraria ainda jovem. Em 1948 veio para o Rio de Janeiro para concluir seus estudos. Bacharelou-se em Direito pela antiga Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, somente em 1962. Com a instalação da Ditadura, chegou a ser sequestrado pelo Departamento de Ordem Pública – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI – CODI), assim como vários advogados, o que o marcou profundamente.
Tornou-se advogado voluntário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e passou a ter intensa atuação como advogado na defesa de presos políticos perseguidos pelo regime. Elegeu-se deputado federal no pleito de 1978 pelo então Movimento Democrático Brasileiro (MDB) do Rio de Janeiro, exercendo o mandato até 1983.
Nos últimos anos, dedicou-se ao trabalho de memória e de levantamento de dados sobre a atuação de militares durante a Ditadura, compondo diversas Comissões da Verdade. Foi homenageado no ato de fundação da Comissão da Verdade da Reforma Sanitária durante o 6º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, realizado em 16 de novembro de 2013, no Rio de Janeiro.
Em 30 de março desde ano, Silveira esteve presente no evento Tribuna livre: em defesa da democracia e dos direitos sociais, organizado pela ENSP.(confira a participação no vídeo abaixo). Na ocasião, bradou em nome da liberdade, resgatando o passado para a defesa do futuro: “Vejo nesse plenário brasileiros e brasileiras que defendi como vítimas pela ousadia que tiveram por enfrentar uma ditadura militar, que deixou sequelas até hoje”.
Em nome da Saúde Coletiva, a Abrasco agradece à luta de Silveira e despede-se desse bravo e imprescindível brasileiro.
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Confira as diversas matérias e homenagens:
OAB/RJ lamenta morte de Modesto da Silveira
Morre Modesto da Silveira, defensor de presos políticos na ditadura
Modesto no nome e na vida, mas um guardião da liberdade e da democracia
Morre Modesto da Silveira, advogado que defendeu presos políticos na ditadura
Morre Modesto da Silveira, o advogado que mais defendeu presos políticos na ditadura