
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) vem a público manifestar sua preocupação com a possibilidade de que sejam incentivadas estratégias para autorizar vacinação contra Covid-19 na rede privada de farmácias. Entendemos que esta medida, mesmo tendo como intenção ampliar a cobertura vacinal contra Covid-19, é equivocada. Acelerar a vacinação no país passa por assegurar o quantitativo necessário de doses de vacinas. Usar pontos em farmácias para funcionar como postos de vacinação não vai resolver este problema. A lentidão na vacinação não é explicada pela falta de postos de vacinação no SUS, pois a rede pública não está sendo utilizada na sua potência. Muitas unidades não podem cumprir o calendário de vacinas como previsto porque não há vacinas suficientes.
Reconhecemos, contudo, que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) vem sofrendo com a fragmentação e carece de centralidade por parte do Ministério da Saúde e integração entre os níveis estadual e municipal. As unidades de atenção primária devem ser fortalecidas e a utilização de espaços abertos e locais públicos próximos a estas unidades é um recurso que tem sido utilizado, já sendo feito em vários municípios com gestão pública da operação e das informações.
O SUS tem enorme capilaridade e competência para vacinar rapidamente todos as brasileiras e brasileiros desde que o PNI receba as doses necessárias e coordene a liderança do processo com racionalidade na orientação dos grupos prioritários, na distribuição e na utilização da rede SUS.
Todos os esforços neste momento das autoridades políticas e sanitárias para conter a pandemia e salvar vidas devem estar concentrados na busca de mais vacinas e no fortalecimento do SUS.
Rio de Janeiro, 06 de junho de 2021.
Associação Brasileira de Saúde Coletiva