A Abrasco solidariza-se à comunidade mentaleira, amigos e familiares do querido Domingos Sávio, que, como diria seu conterrâneo Guimarães Rosa, “ficou encantado”. Como prestar uma homenagem à altura desta presença que, durante décadas entre nós, foi tão rica e tão decisiva para o campo da saúde e da democracia no país? Neste momento em que Domingos “sai da vida para entrar na História”, os sentimentos dos que ainda estão por aqui são mistos. A tristeza envolve a todos os que tiveram a sorte de conviver com ele, e puderam acompanhar sua generosa e fertilíssima trajetória no campo da saúde mental pública, na Reforma Psiquiátrica e na Luta Antimanicomial no Brasil.
Mas Domingos não tinha muita intimidade com a tristeza. E sua serenidade, sua abertura pra vida e o sorriso que ele distribuía a quem chegasse perto certamente explicam por que, ao invés da tristeza, o sentimento que sua partida deixa entre nós é o de alegria.
Se a essência de uma vida está nas marcas que ela deixou entre os semelhantes, o adeus de Domingos é uma exortação a continuar na luta por um mundo melhor, mesmo que as circunstâncias da vida imponham desafios que pareçam insuperáveis. Domingos encarnava, de modo gentil, silencioso e alegre, o lema de 68: “Sejamos realistas, reivindiquemos o impossível!”
Cabe a nós, no campo da saúde e da psiquiatria democráticas, estarmos à altura do seu exemplo e continuarmos a sua luta!