A Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG – está com bandeiras hasteadas a meio mastro, em luto pelo falecimento de Antônio Leite Alves Radicchi, professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social, vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade . Tragicamente, ele foi mais uma vítima do ciclo sistêmico da violência em nosso país, um de seus temas de estudo. Na manhã de segunda-feira (13/11), Antônio , 63 anos, foi assassinado com aproximadamente 10 facadas durante uma tentativa de assalto. Ele estava a caminho de uma banca de mestrado, em Belo Horizonte.
Radicchi lecionava na UFMG desde 1980. Foi coordenador do Internato em Saúde Coletiva, conhecido como Internato Rural, e era membro do Conselho Diretor do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon/FM/UFMG). Atuava nos temas educação ambiental em saúde; saneamento básico; políticas de saúde, e formação médica, em especial na especialidade Saúde da Família e Comunidade. Foi um dos fundadores do projeto Manuelzão, quando, em 1997 junto com outros professores do curso – entenderam que, mais que medicar a população, precisavam construir um programa que gerasse melhoria nas condições ambientais a fim de resultar em qualidade de vida, prevenção à doença. Assim, um dos focos do projeto é monitorar nascentes e rios em Minas Gerais.
+Leia aqui a nota divulgada no site do Manuelzão
+Leia aqui a nota divulgada pela Faculdade de Medicina da UFMG
Eli Iola Rangel, professora também da Medicina da UFMG e vice-presidente da Abrasco, entrou para o corpo docente da instituição na mesma época que Antônio. Ela registra a importância do docente para o curso e para a formação dos sanitaristas mineiros: “É lamentável a perda e significativa, pois ele vinha exatamente para um compromisso de trabalho na faculdade. Participaria de uma banca no Mestrado Profissional em Promoção de Saúde e Prevenção da Violência . É um fato que nos deixa perplexos e nos remete à reflexão sobre o paroxismo dos dias em que estamos vivendo. Que tudo isso sirva para que nós nos encontremos mais e nos juntemos no fortalecimento da luta por um sistema de saúde de qualidade e por uma sociedade de paz”. As palavras da professora representam o pesar e os sentimentos da diretoria e demais membros da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, em homenagem a Antônio Radicchi.