A Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco, através de seus Grupos Temáticos: Racismo e Saúde e Gênero e Saúde, está em choque e repudia veementemente a execução sumária de Marielle Franco, mulher, negra, feminista, mãe, filha, vereadora da cidade do Rio de Janeiro e ativista dos direitos humanos e da luta contra o genocídio da população negra, especialmente em defesa das mulheres negras e moradores de favelas e periferias, denunciando a violência policial que, juntamente com o motorista Anderson Pedro Gomes, foi assassinada covardemente. Impossível não relacionar esta execução às denúncias que a vereadora fez das arbitrariedades que vêm sendo cometidas pela denominada “forças militares de intervenção” na cidade do Rio de Janeiro.
A coragem de Marielle em fazer esta denúncia representa a vontade da maioria dos brasileiros de se contrapor a um governo que foi imposto ao nosso país e que tem contribuído para que a população, de forma geral, mas principalmente a população de mulheres e homens negros desse nosso país, se sinta ainda mais insegura.
O feminicídio existe, o racismo existe, e a ameaça contra a Democracia está aqui.
Nós, trabalhadores e militantes da Saúde Coletiva, que fazemos esforços diários para preservar vidas, nos sentimos aviltados diante da matança de jovens negros por instituições do próprio Estado, exatamente as que deveriam cuidar da segurança pública.
Nos solidarizamos com a família da Marielle e de Anderson na tristeza e exigimos: que os fatos sejam apurados e que os responsáveis por esse ato brutal, desnecessário e covarde sejam realmente punidos.
“Quantos mais precisam morrer para que esta guerra acabe?”, palavras de Marielle um dia antes de sua execução.
Estamos juntos. Vidas Negras Importam.
Associação Brasileira de Saúde Coletiva, 15 de março de 2018.