A precarização do trabalho das trabalhadoras e trabalhadores de enfermagem e o agravamento desta situação durante a pandemia são o destaque da nota assinada por diversos profissionais com o apoio da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). Além da denúncia com relação às precárias condições de trabalho, o documento elenca propostas como a contratação emergencial de mais profissionais, participação nos processos de discussão junto ao poder público e a garantia de segurança das trabalhadoras frente ao volume e à pressão da população por realização de testes, da vacinação e de outros procedimentos relativos à pandemia de Covid-19. O documento é endereçado à Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
Depois de 11 meses de declarado o estado de pandemia, o Brasil é o país com maior número de mortes de profissionais de enfermagem. Além disso, o agravamento do desgaste físico e mental destes trabalhadores e trabalhadores é outro apontamento do documento, que ressalta que fatores como “o medo, a insegurança, a pressão nos locais de trabalho, a redução de profissionais em decorrência de afastamento de trabalhadoras por adoecimento”, aumentou a sobrecarga de trabalho e o acúmulo de tarefas.
Apesar de enfermeiras e enfermeiros serem a maioria dos profissionais da área da saúde, a nota destaca que “a profissão, com suas categorias, é historicamente desvalorizada, marcada pela divisão social do trabalho, de classe, de gênero e de raça. No Brasil é uma profissão majoritariamente exercida por mulheres e por trabalhadoras de nível médio”. A importância do direcionamento da nota às autoridades da cidade de São Paulo é destacada pela grande concentração de profissionais no local, sendo que 25% de enfermeiras e enfermeiros estão no estado de São Paulo e, destas, 31,5% no município de SP.