Diante das mais de 310 mil mortes evitáveis em decorrência da Covid-19 no Brasil, a Congregação da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), divulgou, nessa semana (29/3) uma Nota Técnica, reivindicando uma coordenação nacional no enfrentamento à pandemia de Covid-19 e a responsabilização das autoridades que não estão assumindo seu dever constitucional de proteger a saúde das brasileiras e brasileiros. Leia, abaixo, trechos da Nota Técnica, e acesse o site da FSP/USP para conferir o documento na íntegra:
Síntese
- Por razões científicas, éticas e jurídicas, a imunidade coletiva por contágio não pode ser admitida pelo Estado e pela sociedade brasileira como estratégia de resposta a epidemias, ainda menos diante de uma pandemia e de uma doença cujos efeitos a longo prazo ainda são ignorados.
- A propaganda contra a saúde pública, que inclui a divulgação de notícias falsas, promovida inclusive por setores do Estado, precisa ser coibida e os responsáveis por ela devem ser punidos. A falsa oposição entre proteção da saúde e proteção da economia deve ser desfeita. Bom para a economia é conter a pandemia.
- O SUS é vítima, e não culpado por esta estratégia de disseminação do vírus, e vem sendo capaz de evitar que a catástrofe sanitária seja ainda maior. No entanto, a disseminação da doença ameaça o SUS a curto, médio e longo prazo, pela sobrecarga de seus profissionais e serviços, pelos gastos desproporcionais em insumos e assistência, e pela erosão de seu equilíbrio federativo.
- A imunização por meio da vacina é urgente e imprescindível, mas a catástrofe sanitária só poderá ser mitigada por meio da efetiva coordenação da resposta nacional. Esta resposta deve priorizar, além da vacina, outros elementos também urgentes, como a comunicação de risco eficiente e o combate à propaganda contra a saúde pública, a vigilância em saúde, a atenção primária e outras medidas de contenção da propagação do vírus, inclusive lockdown quando necessário. No entanto, medidas restritivas, quando não acompanhadas de medidas de proteção social, comprometem sua própria eficiência e atingem de forma desproporcional as populações vulneráveis.