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Núcleo Tramas celebra 20 anos de pesquisas em saúde comprometidas com a transformação social

Bruno C. Dias, com informações da ALCE e da RBA

Raquel Rigotto e Fernando Antônio Leão recebem de Renato Roseno (centro) a placa comemorativa de 20 anos do Núcleo Tramas, concedida pela Assembleia Legislativa do Ceará – Foto: Agência de Notícias da ALCE

Vinte anos de estudos, reflexões e produções científicas que relacionam os impactos da exploração do trabalho e da natureza sobre a saúde e a qualidade de vida das comunidades, sempre evidenciando o papel e o compromisso do conhecimento acadêmico e científico com a transformação social. Essa é a trajetória do Núcleo Tramas – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde -, vinculado ao Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC) e que celebra a passagem do tempo com diversas atividades. A primeira foi uma sessão solene realizada na Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE).

Iniciativa do deputado estadual Renato Roseno, a sessão foi realizada em 13 de junho e contou com a presença de professores, pesquisadores e estudantes que deixaram suas marcas no percurso do Tramas, além de Márcia Machado, pró-reitora de extensão da UFC; Lourdes Vicente, coordenadora estadual do Movimento Sem Terra (MST); Socorro Oliveira, representante da comunidade do Tomé; e Francisca Tália Alves Morais, representante do Movimento Anti-Mineração e educanda do Projeto Juventudes do Campo, entre outras lideranças dos movimentos sociais do Ceará.

Representante da comunidade do Tomé, localizada na zona rural de Limoeiro do Norte, no alto da Chapada do Apodi, divisa dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, Socorro Oliveira ressaltou a importância do Núcleo Tramas, principalmente, para a vida das mulheres de sua comunidade. “Quando algumas mulheres trabalhavam em empresas o dia inteiro, em pé, tendo apenas 15 minutos para almoçar ou ir ao banheiro, elas diziam: ‘Não posso sair do meu trabalho; o trabalho é ruim, mas é minha sobrevivência’. E, hoje, essas mulheres não estão mais nessas empresas e continuam sobrevivendo. Esse trabalho do Tramas veio nos favorecer nisso e abrir as nossas mentes, nos mostrando que não precisamos ser escravas dos grandes empresários, que podemos ser autônomas e que podemos ter voz”.

Para Raquel Rigotto, coordenadora do Tramas e integrante da diretoria da Abrasco, a homenagem tem o sentido de reafirmar a função social da universidade pública. “Essa homenagem é também um chamado a nós para refletirmos sobre essa universidade, para cuidarmos dela nesse momento em que o direito à educação tem sido submetido aos interesses de grandes corporações transnacionais, interessadas em vender serviços da educação muito afastados de um ideal de uma educação que considere o conhecimento como bem comum, que considere a produção de conhecimentos como uma forma de contribuir para o processo de humanização da vida, para a preservação da vida não só humana, como também de todos os outros seres”.

O trabalho dessa construção ética-política e científica também está evidenciado na matéria “No Ceará, a ciência emancipatória se levanta contra o avanço do mercado predatório”, publicada pelo site Rede Brasil Atual. A repórter Cida de Oliveira recuperou o acompanhamento e os estudos que o Tramas tem travado e reverberado para toda a comunidade da Saúde Coletiva no Nordeste, em especial os problemas de saúde decorrentes da exploração da jazida de Itataia, uma mina de 65,6 milhões de toneladas de minério, localizada entre os municípios de Itatira e Santa Quitéria, no sertão central do Ceará; e do uso desenfreado de agrotóxicos nas culturas instaladas na Chapada do Apodi. Os estudos realizados pelo Tramas no Apodi são uma das bases de evidências científicas que compuseram o Dossiê Abrasco – um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Além dos estudos territoriais em saúde e ambiente, o Tramas atua também na área de saúde da família,  saúde do trabalhador, saúde e humanidades, e outros temas em Saúde Coletiva.

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