O 5º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde (5º PPGS) foi o maior evento da área de Política, Planejamento e Gestão realizado pela Abrasco. O 5º PPGS reuniu quase 2.600 pessoas em Fortaleza, no Centro de Eventos do Ceará (CEC), entre os dias 3 e 6 de novembro de 2024, para pensar a saúde brasileira e traçar caminhos de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). O tema principal que orientou as atividades foi: “Política, Saberes e Práticas: Resistência e Insurgência no Enfrentamento das Iniquidades em Saúde”.
A qualidade e a diversidade das contribuições do 5º PPGS para o campo da Saúde Coletiva e para o SUS ficaram em evidência, como explica o presidente da Abrasco, Rômulo Paes de Sousa. “O Congresso refletiu a agenda contemporânea dos que pesquisam e trabalham com Política, Planejamento e Gestão em Saúde: os déficits históricos do SUS e suas soluções, e as agendas sociais que foram estruturalmente silenciadas. Os debates foram intensos e profundos. Os participantes são diversos e representativos da saúde coletiva do Brasil”, detalhou.
As conversas, debates e encontros entre os participantes tiveram início já no sábado (2) e no domingo (3), durante o pré-congresso, realizado no Campus Benfica da Universidade Federal do Ceará (UFC). Nos dois dias, foram 51 oficinas; 15 cursos; 10 reuniões; 5 fóruns; 4 encontros; 2 simpósios e 1 seminário, um total de 88 atividades.
No Congresso, ao todo, foram 2.089 trabalhos aprovados, apresentados pelos participantes. Na modalidade Comunicação Coordenada, foram 346 trabalhos distribuídos em 63 sessões. As Rodas de Conversa aconteceram em 130 sessões e contemplaram 1.719 trabalhos. Já as sessões de Produção Artística contaram com 24 trabalhos exibidos em três sessões temáticas.
O espaço plural, com ênfase nos debates e construção coletiva, também foi destaque nas mesas-redondas realizadas durante o 5º PPGS. Ao todo, foram 52 encontros desse tipo que reuniram pesquisadores, professores, ativistas, líderes de movimentos sociais e profissionais da saúde para debater temas importantes e relevantes como racismo e saúde, incorporação de tecnologias digitais ao SUS, regulação em saúde e Atenção Primária à Saúde (APS).
O pesquisador Deivisson Vianna dos Santos, que faz parte do Conselho Deliberativo (CD) da Abrasco e presidiu a Comissão Científica do Congresso em parceria com Isabela Soares Santos, afirma que o 5º PPGS foi desenhado para propiciar encontros entre os participantes, uma excelente retomada presencial do evento, que ocorreu virtualmente em 2021, por causa da pandemia.
“Apostamos no encontro e na retomada dos bons encontros entre os abrasquianos, com uma metodologia em que todos os trabalhos apresentados foram para propiciar a troca de ideias e saberes, para o fortalecimento da nossa área”, declarou.
Os Grandes Debates da insurgência
Na programação científica, destaque ainda para os “Grandes Debates” do 5º PPGS, painéis de discussão com convidados especiais sobre questões relevantes e atuais para a Saúde Coletiva. Ao todo, durante o Congresso, foram quatro edições, duas no primeiro dia do evento, segunda-feira (4), e uma edição (cada) encerrando as atividades da terça (5) e da quarta-feira (6).
Na segunda-feira (3), na Sala MST Ceará, com mediação de Guilherme Franco (VPAAPS/Fiocruz), aconteceu o debate “Decifra-me ou te devoro: a crise climático-ambiental, territórios e povos vulnerabilizados”, com os convidados Edenilo Filho (Ministério da Saúde); Liane Righi (UFSM) e Victor de Jesus (PGCS/URBES/UFES).
No mesmo dia e horário, na Plenária Preta Tia Simoa, a pesquisadora e presidente do Congresso, Carmem Leitão, foi a responsável por mediar o debate “Formas de luta pelo SUS na democracia atual”. Os convidados especiais foram Ana Lesnovski (Unespar) e Gastão Wagner (UNICAMP).
Na terça-feira (5), o debate “De que equidade estamos falando? desafios urgentes para a Saúde Coletiva e para as políticas públicas” encerrou as atividades do dia, às 17h20, na Plenária Preta Tia Simoa. Fernanda Lopes (Niketche) foi a mediadora e Maria Inês Barbosa (UFMT) e Sonia Fleury (CEE/Fiocruz) as convidadas especiais.
O último Grande Debate, na quarta-feira (6), às 15h10, marcou o encerramento do 5º PPGS. Os convidados especiais Pedro Linhares (UNICAMP); Eliara Santana Ferreira – (INCT/Observatório das Eleições) e Jairnilson Paim (ISC/UFBA) debateram sobre “O SUS e a conjuntura nacional – qual a nossa agenda?”. O presidente da Abrasco, Rômulo Paes, fez a mediação do encontro.
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A Carta do 5º PPGS
A Carta do 5º PPGS é o documento que sistematiza os principais pontos debatidos e pleiteados pelos congressistas para a Saúde Coletiva, na área de Política, Planejamento e Gestão. No texto, destaque para os “caminhos insurgentes” para as atuais crises e o compromisso com o direito à Saúde.
“Para além da organização técnico-científica, com leveza e alegria, o evento no Ceará buscou trazer em perspectiva diferentes olhares transgeracionais do campo para demarcar caminhos possíveis no atual contexto brasileiro. O congresso renovou o compromisso do campo com a luta pelo direito universal à saúde, de um sistema público e gratuito, uma vez que não há direitos sem mobilização permanente e por isso mesmo na reconstrução da equidade em saúde como princípio fundante do SUS” – trecho da Carta do 5º PPGS.
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A presidente do Congresso, Carmem Leitão, destacou a relevância do evento para a saúde brasileira e do encontro entre saberes e práticas, propiciado durante as atividades e programação do Congresso. “O 5º PPGS foi um evento intenso e potente. Nele buscamos o encontro entre saberes e práticas; o diálogo entre a tradição e a novidade. Valorizamos a pluralidade temática, epistemológica e metodológica de um campo, impreterivelmente, implicado com o desenvolvimento do SUS. Por certo, tivemos análises densas acerca da conjuntura e desafios atuais. Muitos diálogos, aprendizagens e encontros foram possíveis em um ambiente alegre, plural e afetivo”, detalhou.
Carmem Leitão ainda aproveitou para agradecer aos parceiros na realização do 5º PPGS. “Para nós do Ceará, representou também a solidariedade entre diferentes instituições de ensino e pesquisa em saúde coletiva (UFC, Fiocruz/Ce, UECE, UNILAB, Urca, UVA, etc.), e demais atores governamentais e sociais que juntos contribuíram com a construção deste momento”, afirmou.
O 12º EPI e o 14º Abrascão vem aí
Após o 5º PPGS em Fortaleza (CE), a Abrasco ainda realiza este ano o 12º Congresso Brasileiro de Epidemiologia (12º EPI). O 12º EPI acontece na cidade do Rio de Janeiro (RJ) de 24 a 27 de novembro de 2024, no centro de convenções EXPO MAG, sendo que os dias 23 e 24 são reservados para as atividades de pré-congresso, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A comunidade da Saúde Coletiva vai se reunir na capital fluminense para debater sobre “A Epidemiologia e a complexidade dos desafios sanitários“, tema principal do encontro. O EPI é uma realização da Abrasco, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a UERJ.
Além do 12º EPI este ano, no ano que vem, 2025, acontece o 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (14º Abrascão). O evento terá como sede a capital desenhada e idealizada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. A comunidade da Saúde Coletiva irá se reunir em Brasília (DF) de 28 de novembro a 3 de dezembro.