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O Mato Grosso presente em todas as cores e manifestações no 7ºCBCSHS

Evidenciar a cultura como um transversalidade ao processo científico e da saúde, dialogando com todas as suas formas, cores e sabores, é uma das marcas das programações culturais nos eventos da Abrasco. No 7º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (7ºCBCSHS), foi a hora e a vez do Mato Grosso mostrar toda a exuberância e humanidade da produção local apresentada com beleza, qualidade e reflexão.

Nos quatro dias de evento, as atividades mesclaram o popular e o erudito, tanto no palco como no foyer do Teatro Universitário da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). “As atividades culturais foram pensadas dentro do tema do congresso, expressando a diversidade e a riqueza cultural de nossa região”, explicou Alba Regina Medeiros, professora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC/UFMT) e curadora da programação cultural do 7º CBCSHS.

Para a exposição do foyer, elementos como a pedra, a espuma, a lata, a garrafa e outros objetos e materiais tiveram suas plasticidades exploradas  nas obras de Gervane de Paula, Babu, Paulo Pires, Adir Sodré, Marcio Aurélio, Roberto Almeida, D. Joana e Domingas Cristina. “Em comum, são artistas que trabalham com materiais muitas vezes encontrados no lixo e por eles transformados e em diálogo com as marcas culturais do Mato Grosso.

O símbolo dessa proposta foi a viola de coxo. Confeccionada em tronco de madeira inteiriço, esculpida no formato de uma viola e escavada por dentro para abrir a caixa de ressonância, esse instrumento de origem portuguesa abrasileirou-se nas na madeira, nas cordas e no jeito de tocar e é hoje uma característica marcante da cultura pantaneira.  Da viola de coxo Billy Espíndola tocou o hino do estado na abertura do 7ºCBCSHS. Ela embalou e deu vida aos ritmos pantaneiros cururu e siriri  apresentados ao final da cerimônia pelo grupo Flor Ribeirinha, que bailou os folguedos populares no qual homens, mulheres e crianças se juntam sob a igualdade de uma cultura que já ultrapassa um centenário. Na tarde seguinte, o mestre luthier Duilio Sampaio esculpiu no foyer um instrumento novinho que ganhou destaque e compôs o cenário dos grandes debates.

Junto com a delicadeza, a explosão também se fez presente, como na energia do Maracatu Buriti Nagô, que fechou ao som de tambores e atabaques o Ato Público em Defesa da Democracia e do SUS. Força similar tem a performance INSÂNIA, apresentada pela poetisa Luciene Carvalho e seu companheiro Mano Raul no palco do Teatro e numa das sessões do GT Ampliando Linguagens. Feita especialmente para o Congresso, a performance dramatiza o sofrimento das práticas manicomiais vivenciadas pela própria artista no hospital onde hoje ela promove oficina de arte-terapia.

A parte musical teve as apresentações da Orquestra Cuiabana de Choro e do Duo Xomano e Capivara. Composto por Oliver Yatsugafu e Felipe Harder, respectivamente, professor do departamento de artes da UFMT e músico da Orquestra da Universidade, o duo é uma das formações do projeto UFMT em cordas, que trabalha com um repertório de peças eruditas e de arranjos da cultura regional. “O nome do duo é bem a cara do Mato Grosso e quer expressar nosso respeito e interesse por essa terra que tão bem nos recebeu. Viemos de fora atraídos pela Universidade e bebemos dessa cultura local para mostrar ao resto do Brasil parte da sonoridade desse  lugar que escolhemos como casa”, falou Felipe Harder.

No encerramento, a roda do grupo de capoeira Quilombo Antiga de Angola abriu o show da cantora Gê Lacerda que se alimentou da vivência das pessoas em situação de risco para dar alma ao seu canto de protesto. “Sou licenciada em Música e na Universidade trabalhei no projeto PET Conexões. Fazia ações de músico-terapia em hospitais, clínicas de hemodiálise e comunidades. Convivendo com essas realidades comecei a compor e a forma o meu trabalho, um canto de protesto que aborda questões raciais e de gênero que aprendi nesse contato com os profissionais da saúde, explicou ela, que foi acompanhada pelo grupo God Singers, composto por refugiados haitianos atualmente moradores de Cuiabá.

“Com esses encontros e essas escolhas feitas pela curadoria quisemos mostrar como é importante ter propostas que fomentem a cultura como práticas de integração e de intersetorialidade, num trabalho que pode e deve ser pensado desde as ações em Promoção da Saúde até nas ações de reabilitação, presente em todos os níveis de atenção. A cultura deve também acessada pelos trabalhadores da saúde, aproveitando suas habilidades e competências para as práticas profissionais e para a formação e desenvolvimento individual. Como a cultura mexe com a sensibilidade, permite se ver tirando todas as máscaras. Foi um pouco disso que pretendemos, e acho que conseguimos mostrar”, completou Alba Regina.

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