A oitava edição do Simbravisa não poderia terminar sem ele: – “O sertão é bom. Tudo aqui é perdido, tudo aqui é achado (…) O sertão é confusão em grande demasiado sossego” escreveu João Guimarães Rosa, lembrado por Ana Cristina Souto, presidente do simpósio, na cerimônia de encerramento. “Hoje eu só tenho a agradecer e festejar, na primeira noite eu disse que esse simpósio foi construído para vocês e por isso agora eu apresento quem são vocês: 1.230 inscritos; 1.108 presentes. Os mineiros encabeçam a lista de participantes: 416, obrigada Minas Gerais! Tivemos ainda 136 do Rio de Janeiro; 102 da Bahia; 94 de São Paulo; 75 do Paraná; 56 do Rio Grande do Sul; 48 de Pernambuco; 43 do Rio Grande do Norte; 38 do Distrito Federal; 33 do Amazonas – a estes, que vieram até aqui numa van, obrigada!; 24 do Ceará; 15 do Pará; 15 do Tocantins; 12 de Santa Catarina; 11 do Mato Grosso do Sul; 9 do Acre; 8 da Paraíba; 7 do Espírito Santo; 7 do Maranhão; 4 de Goiás; 4 de Sergipe; 2 de Alagoas e 1 participante de Roraima: quase todo o Brasil esteve aqui representado. Obrigada a 3 companheiros ausentes mas muito importantes para a história do Simbravisa, um profundo agradecimento para Ediná Alves Costa, Gisélia Souza e Agenor Alves. E mais uma vez uso as palavras de nosso homenageado Guimarães Rosa para tentar descrever o que senti nestes dias: confusão e sossego, foi um imenso prazer presidir este nosso encontro.” disse emocionada.
A resistência frente ao desmantelamento das políticas de proteção social, pontuou ainda as falas de Gulnar Azevedo e Silva, Edna Coven, Fernando Pigatto, Filipe Curzio Laguardia e Zilmara Aparecida Guilherme Ribeiro. Houve ainda a exibição do curta-metragem “Rosa & Drummond: prosa improvável” de Pepe Públio e do vídeo comemorativo dos 40 anos da Abrasco. O Fórum Mineiro de Combate aos Agrotóxicos, representado por Milton Cosme Ribeiro, apresentou e aprovou em plenária a Moção de apoio ao projeto de Lei nº 6670/2016 que institui a PNaRA – Política Nacional de Redução de Agrotóxicos.
Coube a Geraldo Lucchese a leitura da Carta de Belo Horizonte que assinalou a “renovação de nossas energias e esperanças, necessárias à realização do trabalho da vigilância sanitária e na prática de promoção da saúde. A Abrasco e o GTVISA conclamam aos gestores do SUS, que estimulem cada vez mais a participação de trabalhadores, pesquisadores, docentes, estudantes aos Simbravisas” diz o documento.
“Teve doutor, teve”
O coordenador da Comissão Científica, Luiz Antonio Quitério, atualmente no Núcleo de Planejamento do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, pontuou a construção do simpósio: – “Estou muito emocionado de ver meus amigos aqui, encerrando mais um Simbravisa, coordenando uma comissão científica que construiu coletivamente essa programação em algumas reuniões presenciais, dezenas de encontros virtuais, centenas de e-mails, milhares de mensagens… num trabalho realizado cotidianamente e que foi encontrando brechas nas nossas atividades diárias. É a cada um desses ‘trabalhadores’ do Simbravisa a quem agradeço agora, a disponibilidade, compromisso e qualidade dessas pessoas foi determinante, a atitude dos colegas que escreveram trabalhos é sim de resistência, e resistindo estão conosco todos os colegas da Anvisa, cujos diretores nos negaram patrocínio e ainda perguntavam aos colegas que estão agora aqui: ainda vai ter Simbravisa? Teve doutor, teve. E o que temos pela frente? um novo Simbravisa para construir e até lá seguiremos resistindo juntos, coletivamente contruindo e paulatinamente demolindo a visão dominante da nossa impotência.”
Candidaturas
O sucesso do 8º Simbravisa suscitou a apresentação de duas candidaturas à sede da próxima edição: O Maranhão enviou mensagem de Edmilson Diniz, Superintendente estadual de vigilância sanitária, ambiental e saúde do trabalhador e da trabalhadora, que foi lida por Rilke Novato: – “Em nome do estado do Maranhão venho propor e colocar à disposicao de todos nosso estado para sediar o próximo Simbravisa. Neste cenário adverso que o SUS enfrenta e frente a necessidade de qualificarmos cada vez mais a discussão e as propostas para qualificar nossos processos de trabalho e nossa comunicação com a sociedade venho sugerir a brisa do litoral maranhense para ventilar nossas reflexões em busca de uma vigilância sanitária mais integrada ao SUS e as expectativas da atividades econômicas reguladas pelo SNVS. Sabemos também da proposição do nosso querido estado da Paraíba e deixo claro a esta seleta plenária que não abriremos concorrência mas enfrentaremos juntos o desafio de trazer para a região nordeste o 9º Simbravisa. Onde houver consenso das gestões estaduais e municipais, da Abrasco e demais parceiros construiremos juntos essa incrível agenda tão fundamental para nossa jornada diária e desafios.” explicou. O turismólogo Ferdinando Lucena, diretor do Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima, apresentou em vídeo o convite da Paraíba para que o 9º Simbravisa ocupe a o Pavilhão de Congressos e Convenções e o Teatro Pedra do Reino.
As duas propostas serão estudadas pela Abrasco e coordenação do Grupo Temático Vigilância Sanitária e, em breve, a próxima “casa” do Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária será anunciada.
Leia aqui a Carta de Belo Horizonte