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O SUS e os idosos na pandemia: a importância de recursos, ações básicas e coordenadas

Organizado pelo Grupo Temático Envelhecimento e Saúde Coletiva (GT Envelehcimento/Abrasco) em 19 de agosto, o painel Os desafios do SUS frente às necessidades dos idosos na pandemia do Covid-19 evidenciou a necessidade de ações básicas e coordenadas, recursos e tecnologia para a assistência física e mental do principal grupo populacional em expansão no Brasil: o de idosas e idosos. No debate, as participações de Renato Veras, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ); Luiz Ramos, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e Denise Mazzaferro, do Angatu IDH. A coordenação foi de Alexandre Kalache, do ILC Brasil, e Marília Louvison, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP USP).

Marília Louvison ressaltou o processo de sucateamento e desfinanciamento do SUS, mesmo antes da pandemia e que, apesar disso, “o sistema respondeu, nós temos SUS e isso tem salvado vidas. Locais mais estruturados para o cuidado com os idosos, responderam melhor”. A professora alertou que são necessárias políticas sociais e de atenção aos idosos, principalmente em uma pandemia que descortinou desigualdades, com uma “atenção básica amiga do idoso”, comunicação, informação, linha de cuidado, acessibilidade e humanização. No Brasil, 75% da população brasileira depende do SUS e, de acordo com Marília Louvison, “a sociedade brasileira precisa assumir o SUS como nosso sistema de direito, para todos, apesar da falta de gestão, de governança. O SUS precisa de recurso, de coordenação, de transparência e de respeito para cuidar dos idosos”, explicou.

O professor da UERJ Renato Veras também considerou que as ações primárias, e relativamente simples, são essenciais no cuidado com os idosos e ressaltou o alto número de médicos especialistas e o desgaste que a condição, de ter muitos médicos, pode causar à população idosa. Para ele, é preciso “trabalhar mais para implantar a lógica, que é a lógica do SUS, do médico de família e comunidade”. Veras explicou que esse modelo é mais humano e protetor, principalmente para essa população mais frágil e que ações básicas podem controlar patologias comuns e pontuou que, com a Covid-19, a telemedicina veio para ficar, “mas não para substituir as consultas”.

Falando do cuidado com as doenças crônicas em idosos, Luiz Ramos acrescentou que os médicos estão preparados, e que lidam com elas no dia-a-dia, mas que, “muitas vezes, falta a percepção de muitos distúrbios sensoriais, naturais do envelhecimento, como perdas visuais e auditivas e de equilíbrio, por exemplo”. O professor da Unifesp também advertiu para as respostas do SUS à “pandemia de distúrbios mentais que está vindo por aí”, principalmente na população idosa, mais fragilizada, sendo que a depressão é a patologia de maior prevalência.

Denise Mazzaferro, da Angatu IDH, trabalha com pessoas no momento da aposentadoria e fez uma fala ressaltando a construção de sonhos e novos projetos e também demonstrou preocupação com a saúde mental dos idosos. “As pessoas estão isoladas, dos familiares, inclusive”, e completou dizendo que “a sociabilização é fator de sucesso para o viver mais e viver bem”.

Em suas considerações, Alexandre Kalache falou da importância de treinar o profissional de saúde para lidar com o processo de morte, com conceitos de finitude, processo terminal e cuidados paliativos, já que é tema pouco confortável para todos. O coordenador do GT de Envelhecimento e Saúde Coletiva da Abrasco também falou sobre desigualdades, mazelas, falta de saneamento básico e o compromisso de falar, “para não cairmos no silêncio, antes que seja tarde”. Citando o autor Albert Camus, em “A Peste”, Kalache afirmou que “só podemos vencer uma pandemia a partir da decência e dos pequenos atos. Não há super-herói, nem solução mágica, nem cloroquina. Temos o perigo da peste e do fascismo e temos a importância da ciência. A gente tem que resistir”, concluiu.

Assista na íntegra o painel:

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