Além da Associação Brasileira de Saúde Coletiva e Conselho Nacional de Saúde, estiveram presentes representantes da Universidade Federal de Goiás, Universidade de Brasília e Fundação Oswaldo Cruz. Maria do Socorro Sousa, presidente do CNS, apontou a realização da Oficina fora do eixo das grandes cidades “Sair do triângulo Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília nos traz a possibilidade de conhecer a realidade da saúde nos lugares mais distantes do país e deixa mais rica nossa luta política”.
A Oficina abriu o debate com uma análise da atual conjuntura política no Brasil, seus cenários, esgotamentos e expectativas, feita pelo professor Pedro Célio Alves Borges, doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília e professor adjunto da Universidade Federal de Goiás. “O esgotamento político no Brasil já dava sinais claros desde 2012, quando a política permanecia estéril para o diálogo da economia com a sociedade. Num cenário de decomposição política, nos deparamos agora com a sucessão presidencial. Chamo a atenção para a perda de coordenação política do bloco do poder como causadora de uma séria crise de hegemonia. Para mim, é claro que no Brasil a sociedade está mais avançada que o Estado” reflete Pedro Célio. Durante o debate, Luis Eugenio Sousa, presidente da Abrasco, reforçou o compromisso da Associação continuar politizada e apartidária. “Presenciamos o crescimento da Saúde Coletiva como área importante de pesquisa, no entanto, nosso Sistema único de Saúde continua enfrentando sérios problemas, penso que a comunidade científica precisa contribuir mais para a qualidade do SUS; afinal para que e para quem está esse conhecimento? O conhecimento se produz em comunhão, como muito bem disse Paulo Freire” arrematou Luis Eugenio.
Ao longo da tarde do 1º dia de Oficina, a Oficina esteve sob a coordenação de Márcio Florentino, Secretário Executivo do CNS que abordou o SUS e o direito à Saúde como questão estrutural em ano eleitoral, além de situar o 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e a 15ª Conferência Nacional de Saúde na atual agenda estratégica. Entre as participações, o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel Fernandes, instigou uma inflexão sobre as medidas compensatórias feitas no SUS, ao longo dos últimos anos. “Podemos evitar a fragmentação das ações em saúde, debatendo, conjuntamente com a saúde, temas como o saneamento e o transporte público” propõe Valcler.
O ‘Abrascão’ que queremos: Além de reunir a comunidade científica da Saúde Coletiva brasileira e os profissionais que constroem o Sistema Único de Saúde em seus diferentes níveis, o 11º Abrascão reserva novos desafios. Para o secretário executivo adjunto da Abrasco Thiago Barreto, é imprescindível apoiar as instituições emergentes do centro-oeste. “Valorizamos (e muito) a participação das universidades, das secretarias de saúde e do controle social da região na organização do congresso. Contudo, o desafio maior nesse processo é influenciar a agenda da política de saúde no país, pois em 2015 será elaborado o Plano Plurianual para o período de 2016-2019. O 11º Abrascão vai integrar um processo mais amplo de mobilização social e contribuir para que a 15ª Conferência tenha potência para incluir a saúde no rol das grandes prioridades nacionais”, coloca Thiago.
Na manhã do segundo dia da Oficina, o secretario executivo da Abrasco, Carlos Silva (na fotografia) apresentou um histórico dos Congressos Brasileiros de Saúde Coletiva, remontando as experiências anteriores para reforçar a metodologia e o processo de construção de um Abrascão, “A participação plural, interdisciplinar e transetorial que caracteriza a Saúde Coletiva, fará sempre parte de todo o processo do congressos da Abrasco, é o nosso compromisso histórico com o SUS e a cidadania brasileira”, pontua Carlos. Produzir conhecimento para a ação, modificar a realidade, promover o conhecimento aplicado foram os pontos destacados pela conselheira da Associação, Ligia Bahia. “Temos a pretensão de construir a realidade e essa pretensão precisa se refletir em nossos eventos. A Abrasco nunca deve deixar de produzir conhecimento para a ação: eis a nossa prioridade. Muitas vezes nos isolamos setorialmente, mas a saúde é claramente um tema transversal, não podemos esquecer isto”, alerta Ligia.
O presidente da Comissão Organizadora do 11º Abrascão, Elias Rassi (na fotografia entre Nelson Gouveia e Valéria Mendonça), coordenou o segundo debate da Oficina. Para Rassi, o objetivo é desenvolver e poder oferecer as condições adequadas para que o congresso cumpra o seu papel político e acadêmico, com força e vigor suficientes para impulsionar a consolidação de conhecimentos e a dinamização cada vez mais efetiva da área de saúde coletiva no país. “Ao mesmo tempo, a pretensão de, em todo o processo de preparação para o Abrascão, fortalecer os laços entre os profissionais da região Centro-Oeste, em especial entre Goiás e Distrito Federal. Nesse particular, vivenciamos situações em que o que nos diferencia parece ser muito o lado da fronteira de onde estamos olhando. Isso vale tanto para o chamado “entorno de Brasília” como para as cidades-satélite” explica Rassi.