Na manhã desta sexta-feira, 29 de novembro, a oficina pré-congresso Informação em saúde indígena para tomada de decisão baseada em evidências: perspectivas para o fortalecimento do SASI-SUS, do controle social indígena e da democracia no Brasil (OF-131) inaugurou suas atividades no Abrascão 2025, reunindo representantes institucionais, pesquisadores, profissionais de saúde e lideranças indígenas. A abertura foi conduzida por Felipe Tavares e Andrey Moreira Cardoso, que contextualizaram a relevância estratégica do tema para o fortalecimento do SASI-SUS, da gestão territorializada e do uso qualificado das evidências em saúde indígena.
Andrey deu início às apresentações com a caracterização do projeto nacional de análise situacional do SIASI, destacando alguns eixos: análise da qualidade dos dados, vinculação entre módulos do sistema, construção de matriz de indicadores e desenvolvimento de ferramentas analíticas para monitoramento espaço-temporal da situação de saúde indígena.
Na mesa temática, Luciana Maciel (DAIS/AgSUS) apresentou as iniciativas da AgSUS voltadas à qualificação da força de trabalho, conectividade, monitoramento em tempo real e uso de tecnologias point of care, com destaque para experiências como a do DSEI Yanomami. Reforçou também os desafios relacionados à infraestrutura e aos fluxos informacionais nos territórios.
Lucas Felipe Carvalho (CGIEPI/SVSA/MS) abordou estratégias de inteligência epidemiológica e integração de bases nacionais, apresentando iniciativas como o Centro Nacional de Inteligência Epidemiológica, vigilância genômica, modelagem preditiva e georreferenciamento para análises de agravos em saúde, com enfoque na territorialização e potencial de apoio à gestão local.
Paulo Sellera (DEMAS/SEIDIGI) destacou o ecossistema de governança e gestão de dados estratégicos, apresentando o papel do SAGE, da Ficha de Qualificação de Indicadores (FQI), do Plano de Dados Abertos e dos painéis temáticos que vêm sendo desenvolvidos, incluindo aqueles específicos sobre saúde indígena, vacinação, transporte, insumos e anomalias de abastecimento.
A participação de Putira Sacuena (DAPSI/SESAI) trouxe uma reflexão sobre as diferentes formas de implantação e uso do SIASI nos territórios, apontando a necessidade de compreender essas singularidades para orientar melhorias nos registros e na divulgação das informações. Reforçou ainda o desenvolvimento de painéis de informação voltados especificamente à saúde indígena, como ferramenta de apoio à gestão, ao planejamento e à visibilidade das realidades territoriais, fortalecendo a transparência e o acesso aos dados qualificados.
Marciane Tapeba (CGPSI/SESAI) complementou o debate destacando a informação como instrumento de participação e controle social, enfatizando que os dados só têm sentido quando acessíveis e utilizados pelas próprias comunidades, fortalecendo conselhos locais, distritais e instâncias de representação indígena.
A plenária de debates reforçou os desafios e as oportunidades relacionados à interoperabilidade entre sistemas, à formação de quadros técnicos, à democratização do acesso aos dados e à construção de indicadores culturalmente sensíveis. As discussões consolidaram a compreensão de que a informação em saúde indígena é componente estratégico para a gestão, a vigilância, o planejamento e o controle social, alinhando tecnologia, participação e equidade como fundamentos para o fortalecimento do SASI-SUS.
A programação da manhã foi encerrada com o lançamento do Repositório de Saúde dos Povos Indígenas, apresentado por Ana Lucia Pontes, destacando-se como uma plataforma nacional que reúne e organiza produções acadêmicas, técnicas, didáticas, audiovisuais e institucionais sobre saúde indígena. Desenvolvida em parceria entre Fiocruz, SESAI e Abrasco, a iniciativa amplia a visibilidade e o acesso ao conhecimento, permitindo a busca por povos indígenas, territórios, descritores e línguas, fortalecendo processos de formação, gestão, vigilância e controle social no âmbito do SASI-SUS.
* Autoria do GT de Saúde Indígena da Abrasco e da equipe da pesquisa Análise da situação de saúde indígena a partir do SIASI





