Em visita ao Rio de Janeiro para o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, a ex-presidenta do Chile, Michelle Bachelet, pediu na quinta-feira (27) que países da América Latina e Caribe invistam uma porcentagem maior do seu PIB em saúde. Essa é a melhor forma de garantir o acesso e a cobertura universais dos serviços de atendimento, avaliou a ex-chefe do Estado chileno durante a abertura do evento.
Em pronunciamento para mais de 7 mil pessoas na Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), sede do encontro, Bachelet enfatizou também que os determinantes sociais – geográficos, étnicos, renda, entre outros – devem ser considerados na hora de elaborar políticas públicas para os sistemas de saúde.
“Temos que melhorar as condições sociais para que os direitos das pessoas possam ser exercitados. Não para alguns, mas para todos”, defendeu a ex-presidenta, que também é médica-cirurgiã e especialista em pediatria.
Sobre o contexto latino-americano e caribenho, Bachelet disse que “a melhor forma de garantir o acesso e a cobertura universal é investir uma porcentagem maior dos produtos internos brutos dos países em saúde”. Atualmente, Bachelet lidera uma comissão regional de alto nível, criada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para encontrar soluções capazes de ampliar o alcance dos serviços até 2030.
Segundo o representante da OPAS no Brasil, Joaquín Molina, a comissão “tem o objetivo de fazer uma análise dos resultados dos 40 anos da Declaração de Alma-Ata sobre a atenção primária à saúde e do desafio de alcançar a saúde universal”.
Bachelet preside também a Aliança para a Saúde da Mãe, do Recém-Nascido e da Criança da Organização Mundial da Saúde (OMS). A especialista assumiu o cargo às vésperas da Assembleia Mundial da Saúde deste ano, realizada em maio, em Genebra. A iniciativa tem mais de 720 organizações participantes, entre instituições acadêmicas e de pesquisa, doadores e fundações, profissionais de saúde, organismos multilaterais, ONGs, países parceiros e setor privado.
A vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada em março, foi homenageada durante a cerimônia de abertura do congresso por seu trabalho no campo da saúde.
Em palestra também na quinta-feira (26), Mariângela Simão, assistente do diretor-geral da OMS para Acesso a Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêutico, revelou que, dos 194 Estados-membros da Organização, apenas 30 possuem agências regulatórias para medicamentos.
Para auxiliar os países no processo de verificação de remédios, a OMS conta com um método de avaliação chamado WHO Global Benchmarking Tool (GBT). A ferramenta pode ser usada pelos governos para identificar lacunas em seus sistemas regulatórios.
O 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, também conhecido pela sigla Abrascão, promove debates e mesas-redondas até o próximo domingo (29), na FIOCRUZ. Neste ano, o evento tem como tema “Fortalecer o SUS, os direitos e a democracia”. Saiba mais sobre a participação da OPAS e da OMS no evento clicando aqui.