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Os desafios da pedagogia de Paulo Freire para formação em saúde

‘Os desafios da pedagogia freireana para a formação em saúde no atual contexto brasileiro’ foi o tema de uma mesa-redonda formada por educadores populares em saúde, no dia 27 de julho, durante o Abrascão 2018. Helena David, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); Pedro Cruz, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Grasiele Nespoli, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz); e Vera Dantas, da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (CE); apresentaram experiências formativas com a pedagogia freireana.

Helena David falou sobre a experiência do Curso Formação Histórica e Política para estudantes de saúde, promovido pela Uerj em parceria com outras 22 instituições públicas e privadas. Segundo a professora, o curso nasceu de uma demanda dos alunos, que queriam “ler” a realidade política com mais clareza, e foi construído como um curso de extensão, com base na educação popular. A equipe do curso produziu textos e vídeos para compor o material da formação, que incluía encontros presenciais e aulas à distância. “Nos encontros, discutíamos política e saúde, lembrando que saúde se produz nas relações sociais”, disse Helena, acrescentando que o curso conseguiu estimular os alunos e que há uma demanda dos estudantes para que o curso seja realizado novamente.

Pedro Cruz apresentou um panorama sobre o Projeto Vivência de Extensão em Educação Popular em Saúde no SUS, uma das estratégias da Política Nacional de Educação Popular em Saúde para fortalecer os projetos de extensão universitária com a pedagogia freireana. Pedro destacou que a extensão é um ponto de partida para os processos formativos e para que esses processos sejam mais efetivos, é preciso observar alguns princípios como o “mergulho na realidade”, conhecendo os enfrentamentos e as vivências da população, e o diálogo. “É importante criar contextos para que o diálogo aconteça. É no encontro com o outro, que faremos a construção compartilhada dos processos”, disse Pedro. O educador ressaltou ainda que o conhecimento é mobilizador e que a extensão possibilita que sejam gerados temas para pesquisa a partir da observação da realidade.

A experiência do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde (EdPopSUS), coordenado pela EPSJV, foi apresentada por Grasiele Nespoli, que integra a equipe de coordenação do curso. O EdPopSUS integra a Política Nacional de Educação Popular em Saúde e teve sua primeira edição entre 2012 e 2014, coordenada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz). A segunda edição, iniciada em 2015, é coordenada pela EPSJV e já conta mais de 10 mil educandos entre Agentes Comunitários de Saúde, Agentes de Combate a Endemias e integrantes de movimentos sociais, de 15 estados brasileiros. O currículo do curso, composto por eixos temáticos, foi construído de forma coletiva. Também foi produzido um material didático específico para a formação. “Ao final do curso, realizamos a Mostra EdPopSUS para sistematizar e compartilhar experiências dos estudantes”, disse Grasiele, destacando que “a educação popular procura o fortalecimento do cuidado, reconhecendo as práticas tradicionais e fazendo a mediação entre os saberes populares e o conhecimento técnico-científico”.

Vera Dantas encerrou a mesa fazendo um resumo, em forma de poesia, das falas dos outros três educadores populares. Ela disse ainda que é necessário compreender a realidade para promover a educação popular, enfrentando os desafios atuais. “E também pensar a formação como a construção coletiva de saberes”, conclui a educadora.

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