
A nova edição da coluna Saúde É Coletiva, publicada pela Abrasco no portal Outra Saúde, traz o tema “Autismo: clínicas para cuidar ou para adequar?”. A publicação, de autoria de analisa a rápida expansão de centros voltados a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil e questiona se esse crescimento tem realmente ampliado o cuidado ou se tem reforçado uma lógica de adaptação dos indivíduos às normas sociais.
Com base em dados recentes do Núcleo de Pesquisa em Políticas Públicas de Saúde Mental (NUPPSAM-UFRJ), o artigo aponta que mais de mil serviços públicos voltados ao TEA foram abertos desde 2021. À primeira vista, o número impressiona. Mas, segundo os autores, a maior parte desses equipamentos foi criada sem integração em rede e sem alinhamento com as diretrizes de Saúde Mental e Reabilitação do SUS — o que levanta dúvidas sobre sua efetividade e coerência com os princípios da atenção psicossocial.
A disseminação do senso de urgência e a inauguração de inúmeras clínicas públicas TEA nos últimos 4 anos no Brasil, no entanto, não fizeram cessar, ou mesmo reduzir, a ideia de desassistência ligada ao tema do autismo no sistema público de saúde. Mais importante e decisivo: não há quaisquer indicativos de ampliação do acesso e de qualificação do cuidado para os autistas nesses últimos tempos, especialmente para os casos de maior gravidade e complexidade, com agravos na saúde mental, com dificuldades significativas no laço social e com experiências familiares de sobrecarga e solidão.
Autoria de:
Maria Cristina Ventura Couto é psicóloga e pesquisadore do Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas de Saúde Mental (NUPPSAM) do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Deivisson Vianna Dantas dos Santos é docente associado do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
Amanda Dourado Fernandes é Terapeuta Ocupacional. Professora e Pesquisadora da UFSCar. Pos-Doutora em Saúde Mental pelo IPUB/UFRJ.
Barbara Costa Andrada é psicóloga e pesquisadore do Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas de Saúde Mental (NUPPSAM) do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro.