5 de dezembro de 2013
O Centro Colaborador do Ministério da Saúde em Vigilância da Saúde Bucal (CECOL), da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, vai coordenar uma pesquisa para identificar a cobertura de fluoretação na água de abastecimento público das cidades brasileiras. A adição controlada do flúor é uma das medidas de prevenção à cárie dentária.
O coordenador do estudo Cobertura e Vigilância da Fluoretação da Água no Brasil, professor Paulo Frazão, explica que o trabalho tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Saúde, com a participação de instituições públicas e privadas dos 26 Estados brasileiros, mais o Distrito Federal. A previsão é que a pesquisa seja concluída até 2016. Paulo Frazão é um dos coordenadores do GT Saúde Bucal Coletiva da Abrasco. “Na primeira etapa, vamos trabalhar com os dados de municípios com mais de 50 mil habitantes. Nestas cidades estão mais de dois terços da população brasileira”, contabiliza Frazão. “Faremos uma busca documental sobre a fluoretação e naqueles municípios em que não houver informações consistentes, será feita a coleta da água e encaminhada para análise laboratorial.”
Essa fase da pesquisa deve ser finalizada no segundo semestre de 2014 e, em seguida, será feito o levantamento em cidades com menos de 50 mil habitantes. O professor explica que os dados disponíveis hoje sobre a fluoretação no País estão defasados e não há muito detalhamento. As informações deveriam ser fornecidas pelos próprios municípios ao Sistema de Informação (SISAGUA) do Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, do Ministério da Saúde, mas mais da metade não alimenta o sistema. “A pesquisa também inclui entrevistas com os representantes dos órgãos de vigilância ambiental de cada Estado para identificarmos quais as dificuldades para manter o SISAGUA atualizado, se falta capacitação profissional, equipamento, entre outros”, explica Frazão. Para ele, o Brasil pode ampliar a cobertura de fluoretação da água com medidas como “treinamento, qualificação de pessoal que atua nos setores de saúde e saneamento, aprimorando os processos tecnológicos e os sistemas de informação e de vigilância da qualidade da água”. Atualmente, cerca de 120 milhões de brasileiros são beneficiados com a adição do flúor no abastecimento público de água.
De acordo com coordenador do CECOL, professor Paulo Capel Narvai, a cárie dentária é, ainda hoje, um dos grandes problemas de saúde bucal no Brasil. “Apesar de ter melhorado a fluoretação nas águas, a presença de flúor nas pastas de dentes e ações educacionais sobre a higienização da boca, o problema ainda afeta crianças, adultos e idosos, principalmente, de regiões carentes”.
Segundo Narvai, membro do GT Saúde Bucal Coletiva da Abrasco, os níveis de cáries na população estão relacionados à questão socioeconômica e a diferença pode chegar até a 400% entre dois perfis distintos: o primeiro, branco, vivendo em cidades com mais de 100 mil habitantes da região sul do País, alta escolaridade e renda; o segundo perfil, negro, nordestino, vivendo em áreas rurais de cidades com menos de 5 mil habitantes. “Entre as medidas conhecidas, a presença controlada do flúor na água é uma das mais recomendadas para enfrentar a cárie. Pesquisas mostram que pessoas expostas a fluoretação, reduzem em 60% a chances de apresentar cárie”, conclui Narvai.
(Com informações da Agência USP de notícias)