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Pesquisadores assinam carta aberta à Organização Mundial da Saúde pela saúde dos idosos

Idosos manauaras – Foto: Robervaldo Rocha/Câmara Municipal de Manaus

Em diálogo com o editorial “Covid-19: control measures must be equitable and inclusive”, assinado por Zackary Berger e publicado no The British Medical Journal – BMJ em 20 de março, o pesquisador Peter G Lloyd-Sherlock, da University of East Anglia, do Reino Unido, e um dos coordenadores do consórcio científico Corona-Older, questiona os motivos de orientações, no mínimo tão tímidas por parte da Organização Mundial da Saúde (e o Estados Membros que a compõe) em relação à população idosa, segmento que registra o maior número de óbitos quando a Covid-19 desenvolve casos graves.

+Suportando o peso da Covid-19: Idosos em países de baixa e média renda – artigo de Peter Lloyd-Sherlock, Leon Geffen, Shah Ebrahim e Martin McKee 
+ Estimativas do impacto da Covid-19 na mortalidade no Brasil – artigo de Ramon Martinez, Peter Lloyd-Sherlock, Luis Eugenio de Souza e Karla Giacomin

Na carta ao BMJ, Sherlock e os cossignatários destacam a necessidade da OMS difundir rapidamente orientações objetivas de cuidados com os idosos, especialmente, na atenção primária à saúde e nas ações de mitigação de problemas associados como a depressão motivada pelo isolamento social. Entre os cossignatários, encontram-se Alexandre Kalache, ex-diretor da OMS para assuntos de envelhecimento, presidente do Centro Internacional de Longevidade e integrante do Grupo Temático Envelhecimento e Saúde Coletiva, a presidente Gulnar Azevedo e Silva,  e a própria Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO.

+ Pandemia da Covid-19 e um Brasil de desigualdades: populações vulneráveis e o risco de um genocídio relacionado à idade – Documento do GT Envelhecimento e Saúde Coletiva/Abrasco

Clique e acesse a manifestação na publicação original e confira a carta abaixo, em livre tradução.

Carta Aberta à Organização Mundial da Saúde (e aos Estados Membros) – A OMS deve priorizar as necessidades dos idosos em sua resposta à pandemia de Covid-19

A Organização Mundial da Saúde (OMS) é a organização global mais influente na orientação das respostas à pandemia de Covid-19. Está trabalhando dia e noite para emitir orientações úteis para especialistas, técnicos e público em geral. A OMS acaba de emitir orientações para instituições de cuidados de longo prazo. No entanto, esta nova orientação não é colocada na página principal dos relatórios de orientação técnica. Em vez disso, está oculta por trás de um link para “Orientação para escolas, locais de trabalho e instituições”. É improvável que as pessoas responsáveis ​​pelas instituições de cuidados de longo prazo se identifiquem com este link. Mais importante ainda, a OMS não emitiu nenhuma orientação de relevância específica para mais de 98% das pessoas idosas que não moram nesses tipos de casas ou abrigos institucionalizados.

Essa é um lapso alarmante, dado que esse grupo etário é responsável pela grande maioria dos casos graves e de mortes. Esse descuido deve ser resolvido imediatamente. A OMS deve emitir diferentes conjuntos de orientações, produzidas por especialistas, em questões como:

• Orientação para os profissionais de saúde, especialmente na atenção básica, sobre como trabalhar com pessoas mais velhas, incluindo aquelas que são frágeis e com problemas cognitivos.
• Orientação para profissionais de saúde mais velhos (incluindo aqueles que saem da aposentadoria)
• Orientação para os idosos e suas famílias para gerenciar os riscos de infecção, lidar com os sintomas e mitigar problemas mais amplos, como a depressão.

A menos que a OMS atue imediatamente para lidar com a negligência dos idosos e do Covid-19, acreditamos que perderá credibilidade como organização com um mandato especial para fornecer orientação aos Estados Membros.

Os Estados Membros devem instar a OMS a agir nesse sentido agora e cercar parte do financiamento da Covid-19 fornecido pela OMS para esse fim. Eles também devem garantir que priorizem as necessidades dos idosos em suas próprias respostas nacionais e em seu apoio aos países de baixa e média renda.

Peter G Lloyd-Sherlock
Professor of Social Policy and International Development
University of East Anglia, Norwich Research Park, Norwich, NR4 7TJ, UK

Alexandre Kalache
Former Director, WHO Department of Ageing and Life Course
Centro Internacional de Longevidade – ILC BRASIL , Ladeira da Glória, 26 – Bloco 3 – Centro, Rio de Janeiro – RJ, 22211-120, Brazil

Martin McKee
Professor of European Public Health
London School of Hygiene and Tropical Medicine, London, UK

Justin Derbyshire
CEO
HelpAge International, 6 Tavistock Pl, London WC1H 9NA

Leon Geffen
Executive Director
Samson Institute For Ageing Research, 234 Upper Buitenkant St, Cape Town, South Africa

F.Gomez-Olive Casas
Associated Professor
MRC/Wits Agincourt Research Unit, New School Of Public Health Building, Education Campus, University of the Witwatersrand, Parktown, South Africa

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