A Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (CSHS) da Abrasco iniciou um novo ciclo de construção coletiva com a elaboração do Plano Diretor 2025–2029. O processo se apoia em três pilares: a historicidade como linha condutora, o coletivo como método e a dimensão ético-política como fundamento. Pesquisadoras e pesquisadores de todas as regiões do país vêm sendo mobilizados para refletir sobre os rumos da área e suas contribuições à Saúde Coletiva.
Desde sua criação em 1986, a Comissão desempenha papel decisivo na consolidação das Ciências Sociais e Humanas em Saúde no Brasil. O primeiro Plano Diretor, lançado em 1997, orientou o desenvolvimento da área por mais de 15 anos. Em 2013, o segundo documento trouxe ações e projetos estratégicos para fortalecer a produção científica e o papel político-institucional das CSHS. Três anos depois, o Plano 2016 priorizou o ensino de graduação, a avaliação da produção científica e a atuação no espaço público. Já o Plano 2020–2023 aprofundou o debate sobre as desigualdades internas ao campo, a identidade da área, sua visibilidade e o papel formativo na graduação e pós-graduação.
Comissão amplia esforços para elaboração do plano diretor para a Área: um caminho de histórias, diálogos regionais, desafios e perspectivas
A nova edição do documento, que cobrirá o período de 2025 a 2029, teve início em 2024 com uma ampla análise histórica dos planos anteriores e uma coleta nacional de informações junto às instituições representadas na Comissão. O levantamento permitiu construir um diagnóstico detalhado sobre os desafios e avanços do campo, apontando questões como a desigualdade de financiamento, a baixa inserção das CSHS nos currículos de graduação e a necessidade de ampliar sua presença institucional e política na Saúde Coletiva. Os resultados preliminares foram apresentados durante o Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, realizado em Fortaleza, em novembro de 2024.
A partir desse diagnóstico, a Comissão lançou a segunda etapa do processo, os Encontros Regionais, voltados a incorporar as especificidades e demandas locais e reforçar o caráter plural e descentralizado do Plano. O primeiro encontro ocorreu em 9 de setembro de 2025, com foco na Região Norte, onde será realizado o próximo Congresso de CSHS. A professora Luiza Garnelo (Fiocruz Amazônia) destacou a importância de fortalecer a pesquisa local e ampliar as redes de cooperação.
Em 23 de setembro, o diálogo seguiu com a professora Suely Deslandes (Fiocruz RJ), que apresentou o panorama do Sudeste e discutiu os desafios relacionados à diversidade na produção do conhecimento e nos processos editoriais, ainda concentrados nos eixos Sul e Sudeste. A agenda continua em outubro e novembro com Malu Bosi (UFC) no encontro do Nordeste, em 14 de outubro, Tatiana Gerhardt (UFRGS) no encontro do Sul, em 21 de outubro, e Reni Barsaglini (UFMT) no encontro do Centro-Oeste, em 4 de novembro.
A terceira etapa do processo será realizada em 29 de novembro de 2025, durante as atividades pré-congresso do 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão) em Brasília (DF). Na ocasião, a reunião da Comissão CSHS será dedicada à sistematização dos encontros regionais e à discussão dos eixos estratégicos do novo Plano. O documento final será lançado em setembro de 2026 durante o X Congresso de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, em Manaus (AM), primeira edição do evento na Região Norte.
