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Plano Diretor de PPGS | Seminário avança construção do plano em etapa realizada no Rio de Janeiro

Nos dias 2 e 3 de outubro, o Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj) recebeu pesquisadores, gestores e especialistas para mais uma etapa da construção do primeiro Plano Diretor da Área de Política, Planejamento e Gestão em Saúde (PPGS). Ao longo dos dois dias, os participantes debateram propostas e se dividiram em grupos de trabalho para discutir os eixos temáticos do plano.

O seminário reafirmou princípios centrais da PPGS, como a defesa da democracia e da justiça social, da vida e do direito à saúde, de uma ciência justa, plural e acessível a todas as pessoas, da saúde universal, integral e equânime, da educação pública de qualidade, da valorização dos trabalhadores do SUS e do fortalecimento da participação social.

O encontro também reforçou o papel da área como espaço de interface entre os saberes da Saúde Coletiva. Ao promover o diálogo entre a Epidemiologia e as Ciências Humanas e Sociais, a PPGS busca responder aos desafios e dilemas das políticas públicas, da gestão e das práticas em saúde. Conhecer as pautas que emergem nesse campo e colocá-las em debate é essencial para fortalecer sua relevância e papel estratégico.

Para Aylene Bousquat (FSP/USP), o papel articulador da PPGS é o que dá sentido à própria Saúde Coletiva. “A interface entre as três áreas do campo é justamente a capacidade de articular tudo nessa interseção maior, que é central para as rupturas e para o que constitui a Saúde Coletiva — a capacidade de reunir diferentes olhares”, afirmou.

Durante o encontro, o professor Dario Pasche (UFRGS / Comissão de PPGS da Abrasco) destacou que a elaboração do Plano representa uma oportunidade política e institucional inédita. “Se queremos que o Plano seja um espaço de comunidade epistêmica mais orgânica, não podemos restringi-lo apenas à Comissão da Abrasco. Somos um eixo importante, mas é fundamental ampliar o debate com todos os eixos da associação, especialmente os GTs”, afirmou. Para ele, discutir o Plano é discutir a área como um todo: “Trata-se de pensar como produzir consensos, ainda que parciais, e construir pautas comuns. Pela primeira vez, esta Comissão terá um objeto político capaz de orientar suas ações político-técnico-científicas”.

Na mesma direção, Pasche destacou que o Plano é também “uma intervenção política na Comissão”, ao ampliar o diálogo e dar visibilidade a interesses plurais que muitas vezes permanecem ocultos no cotidiano do trabalho acadêmico e institucional. “Trata-se de afirmar uma direção ético-política para o ensino e a formação, tanto na graduação quanto na pós-graduação, tomando o SUS como objeto central de interface entre saúde e sociedade brasileira”, completou.

A coordenadora da Comissão de PPGS da Abrasco, Tatiana Wargas (IMS/UERJ), chamou atenção para os desafios contemporâneos da área. “Partimos do diagnóstico de que a área mudou: há novos sujeitos e sofremos os impactos da privatização da saúde e também da própria PPGS. Estamos perdendo espaço de atuação na formação, faltam cursos de PPGS. É preciso discutir o que estamos reconhecendo ou não como curso, e o que o campo está, de fato, debatendo”, apontou.

Segundo ela, o processo de elaboração do Plano também envolve a construção de uma estratégia de monitoramento e avaliação das ações que serão propostas. “Essas ações são parte de um movimento contínuo, que gera desdobramentos e novas iniciativas”, disse. Para Tatiana, participar do processo é um marco pessoal e coletivo: “Como pesquisadora, construir o Plano é uma honra, mas também traz o sentimento de que ainda há muito a fazer. Precisamos de mais pessoas ocupando esse lugar na área, pensando coletivamente os próximos passos”.

Representando a Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Abrasco, Henrique Saldanha (UFBA) ressaltou a importância de trazer diferentes perspectivas para o processo. “A possibilidade de contribuir para o Plano de PPG a partir do olhar da CSHS é um processo interessante. Podemos ajudar na reflexão sobre temas que, sob o olhar próprio da PPGS, talvez não sejam tão visíveis. É importante discutir quais desigualdades são percebidas entre as áreas”, afirmou.

A Comissão prevê o lançamento do 1º Plano Diretor de Política, Planejamento e Gestão da Saúde durante o 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão), que acontece de 28 de novembro a 3 de dezembro, em Brasília (DF). + Saiba mais

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