A primeira mesa-redonda do segundo dia do Congresso Salvador 2010 teve como tema “Política, Planejamento e Gestão”, coordenada por Juan Yazle Rocha (FMRB/USP), contou com a participação dos expositores Gastão Wagner (Unicamp), Francisco Javier Uribe Rivera (ENSP/Fiocruz) e Jairnilson Paim (UFBa). Antes do começo das exposições o presidente da ABRASCO, Luiz Facchini, fez uma homenagem a Gastão destacando a trajetória do pesquisador como gestor público e figura de destaque na Saúde Coletiva brasileira.
Gastão Wagner começou a fala afirmando que o planejamento e a gestão eram uma continuidade da política. O pesquisador fez uma crítica aos métodos utilizados na avaliação da produção científica “Muitos artigos publicados traduzem quantidade de produtividade, não necessariamente qualidade. Mas é assim que as instituições vêm sendo avaliadas. Quanto mais se produz, mais dinheiro e bolsas são oferecidos. A saúde pública deve remar contra a maré do mercado”, exortou. Em seguida, lembrando que o Sistema Único de Saúde é a encarnação institucional e estrutural da reforma sanitária, o pesquisador afirmou que vivemos uma época paradoxal. “Nunca o SUS foi tão grande e nunca esteve tão ameaçado por uma desconstrução sutil da nossa política. É um momento que exige muito a nossa reflexão. Precisamos de um novo modelo público”, enfatizou. Para ele, esta afirmação é reforçada pela desconstrução da política brasileira e a reintrodução da estratégia mercadológica no país.
Francisco Javier Uribe destacou três pontos em relação ao que chamou de gestão comunicativa: a argumentação; a coordenação dos serviços de saúde; e a comunicação médico-paciente. Para o Uribe, o componente dialético é essencial dentro do processo de planejamento. A coordenação de serviços de saúde, segundo ele, pode ser explorada através da teoria das conversações para ação. “Isso pode ensejar um quadro das redes de conversações que se estabelecem entre os atores de um sistema e das formas de compromisso geradas como tentativas de lidar com problemas e rompimentos”. Por fim, ao se referir à comunicação médico-paciente, afirmou se tratar de um campo em que podem ser encontrados elementos de retórica, dialética e lógica da teoria da argumentação. “Ela suscita a possibilidade de uma aplicação normativa do processo de análise e de produção de argumentos que se verificam em diferentes formas de comunicação”, concluiu.
Confira o áudio da mesa clicando nos links a seguir: parte 1, parte 2 e parte 3.