Na tarde de 16 de outubro, uma reunião extraordinária da Diretoria da Associação Brasileira de Saúde Coletiva ouviu representantes de todos os Grupos Temáticos, Comissões e Comitês da associação, a fim de avaliar os resultados do primeiro turno eleitoral e discutir o posicionamento da Abrasco diante do segundo turno. Presidentes de anteriores gestões abrasquianas e ainda a Secretaria Executiva da associação também participaram do encontro que culminou com a aprovação da seguinte Nota Abrasco:
No contexto das eleições presidenciais no primeiro turno, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco – apresentou aos candidatos e candidata, aos/às profissionais de saúde e à população um conjunto de pontos essenciais para a melhoria da saúde no Brasil. Reafirmamos o SUS – Sistema Único de Saúde como conquista histórica da sociedade brasileira em conjunto com outros programas de promoção e proteção da saúde de alcance universal, indicamos a Estratégia Saúde da Família como prioritária para a equidade da atenção à saúde no país.
Políticas nacionais de saúde exigem participação ativa e central do Estado, por isso nos posicionamos contrários a qualquer movimento de desestabilização ou privatização do SUS. Essa posição sustenta-se na experiência de dezenas de países, em ambos os hemisférios do planeta. Da mesma forma, é inegável que o sucesso dessas políticas reside, prioritariamente, em seu caráter democrático e redistributivo. Mais e melhores serviços aos que mais deles necessitam. Sem dúvida, boas políticas de saúde são um importante componente da cultura de paz.
O resultado do primeiro turno das eleições deve alertar para a possibilidade de que o Brasil venha a trilhar um caminho radicalmente oposto. Uma das propostas apresentada durante a campanha postula redução e mesmo supressão de políticas públicas, especialmente no campo da saúde. Essa proposta, representando segmentos ultraconservadores da sociedade, prega privatização radical, não se compromete com a diminuição das desigualdades e, mais grave, admite o exercício da violência como componente central da política. Em particular, aponta para o desmonte do SUS e do complexo de instituições e políticas públicas que têm produzido importantes avanços à saúde da população brasileira.
A Abrasco, associação científica representativa da grande comunidade da saúde coletiva, alerta a população brasileira para a tragédia política e social que ocorrerá na eventualidade desse discurso e dessa prática ocuparem o poder executivo do país. Por isso, conclamamos todas e todos a resistir e a combater essa ideologia antidemocrática, privatista, elitista e violenta, posicionando-se a favor da democracia, da ética e do cuidado, repudiando as covardes agressões a pessoas e grupos vulneráveis da sociedade.
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