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“Precisamos implantar a vigilância do desenvolvimento” aponta painel sobre queimadas no Pantanal

Pedro Martins

As queimadas causadas pelo modelo de produção desenvolvido com base no latifúndio e no agronegócio foram o tema do painel “Para defender a vida e o Pantanal” realizado no dia 13 de outubro na Ágora Abrasco. Num período em que o país enfrenta mais de 150 mil vidas perdidas pela pandemia de Covid-19, o desastre e os efeitos colaterais causados pela destruição o meio ambiente se sobrepõe em nossa lista de tragédias. Como apontou o coordenador do painel, professor Marcelo Firpo (Neepes/Fiocruz e GT Saúde e Ambiente/Abrasco): “As origens e o efeitos de todos os desastres se superpõe, inclusive com a pandemia, e colocam um grande desafio á sociedade brasileira para que possamos construir um futuro sustentável”. O painel contou ainda com a presença de Franciléia Paula de Castro (FASE-MT), Eliane Ignotti (Unemat) e Wanderlei Pignati (UFMT).

Os problemas causados pelas queimadas à saúde da população, por conta das partículas de biomassa que ficam suspensas no ar, foram abordados na fala de Eliane Ignotti. Ela relatou ainda o perigo da escassez de água que vem sendo demonstrada em pesquisas produzidas há pelo menos cinco anos. A pesuisadora abordou como a questão afeta a vida de populações que vivem da pesca e dos rios.

Já o pesquisador Wanderlei Pignati não usou de meias palavras para apontar os responsáveis pela queimada: o agronegócio. O pesquisador destacou: “Além da questão de as queimadas serem em função da ação humana, mudando ciclos de chuva e tudo mais. Mas uma das grandes causas que eu coloco é o agronegócio, que desmata faz o pasto pro boi, coloca boi, milho algodão e transforma tudo em commodities”. Esse modelo de produção, além de desmatar, vem causando riscos para a produção de ribeirinhos, quilombolas e outros povos tradicionais do Pantanal. Segundo Wanderlei: “Precisamos implantar a vigilância do desenvolvimento. porque esse modelo vai atrás do lucro e a vida fica em segundo lugar”.

O impacto do modelo do agronegócio e das queimadas sobre a população pantaneira foi o centro da fala de Franciléia Paula, que apontou que a questão também passa pelo racismo ambiental: “Temos falado do racismo ambiental por conta das violências que esses povos estão sofrendo. Com relação às queimadas, temos alertado no sentido das violações dos direitos de não ter um ar puro para respirar e do ecossistema para sobreviver”. A militante da FASE abordou ainda que o Pantanal vive sua pior seca dos últimos 50 anos e não é por acaso: “Esse modelo que queima o Pantanal hoje é o mesmo que queima a Amazônia, que queima o Cerrado. essa discussão tem que ser feita em conjunto”.

Assista o painel na íntegra na TV Abrasco:

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