O programa de pós-graduação do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foi o único do Norte e Nordeste a ser avaliado com nota máxima (7) pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Esta é a terceira vez consecutiva que o instituto é reconhecido pelo órgão. A avaliação, que é trienal, classifica, reconhece e recomenda os cursos de excelência de todo o país. Além da Bahia, aparecem no ranking São Paulo, com 77 cursos, seguido por Rio de Janeiro (27), Minas Gerais (18), Rio Grande do Sul (17), Santa Catarina (3) e Distrito Federal (2).
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Para o coordenador de pós graduação do ISC e ex-presidente da Abrasco, Luis Eugenio de Souza, o reconhecimento é motivo de comemoração, mas, por outro lado, é desconfortante para ele saber que é o único do estado. Segundo o coordenador, os trabalhos que vêm sendo feitos pelo instituto ao longo dos anos levaram ao reconhecimento. Souza destaca, por exemplo, a pesquisa do colega, o médico Maurício Barreto, sobre o projeto “Bahia Azul”, que melhorou o nível de saneamento básico de Salvador e reduziu a incidência de diarreia em crianças baianas. O artigo, publicado na revista inglesa The Lancet, foi eleito como um dos 12 artigos mais importantes no campo da saúde em 2007.
Na época, este trabalho foi usado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para definir um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: a redução de doenças com o aumento do acesso ao saneamento básico. “Além do nosso rigor acadêmico, outro fator que tem pesado é a relevância social das nossas pesquisas. São trabalhos que têm ajudado a formular políticas de saúde no nosso país e no mundo todo”, afirma o coordenador.
Outra pesquisa importante desenvolvida no instituto partiu da professora Maria da Glória Teixeira que, segundo o coordenador, é uma das maiores especialistas no mundo sobre epidemiologia da dengue. O Índice de Infestação Predial, que é usado pelo Ministério da Saúde para identificar criadouros do mosquito Aedes Aegypti, foi estudado por Teixeira em sua tese de doutorado.
Conforme o relatório da Capes enviado ao ISC, outra característica que classificou o programa foi a internacionalização destas produções acadêmicas em revistas renomadas. Por causa disto, estudantes de países como França, Espanha, Itália, México, Angola, Moçambique e, mais recentemente, a Rússia, têm procurado especialização na UFBA. “Além disso, temos parcerias com vários centros de saúde no mundo, a começar por Harvard”, acrescenta.
Cortes
Apesar do reconhecimento, os últimos cortes da Capes no Programa de Extensão (PROEX) desanimam os acadêmicos. Embora as bolsas do ISC tenham sido mantidas por causa do bom desempenho, foi reduzida em mais da metade a verba de custeio que costumava financiar, entre outras coisas, viagens de professores para congressos nacionais e internacionais, vinda de professores examinadores para banca de teses de mestrado e doutorado, publicações de revistas e viagens para pesquisas de campo.
Devido aos cortes, o instituto reduziu a vinda de professores, passando a fazer avaliações de banca via videoconferência. A universidade tem priorizado o uso da verba para o pagamento de publicações. “É um recurso que ajuda muito porque nos dá autonomia, agiliza o funcionamento da pesquisa. Por falta de incentivo, muitos pesquisadores têm ‘fugido’ para outros países, onde estão recebendo convites, para não interromper seus trabalhos”, explica.