Na Semana Mundial da Água, entre 20 e 26 de agosto, especialistas em saúde pública de 26 países reunidos no Rio de Janeiro conheceram o projeto de proteção do maior manancial de água doce subterrâneo do planeta, o chamado Aqüífero Guarani, localizado na região centro-leste da América do Sul. Com 45 mil quilômetros cúbicos de água acumulada ao longo do tempo e área de 1,2 milhões de quilômetros quadrados, 2/3 desse reservatório gigantesco de água ocorrem em território brasileiro. As águas do Aqüífero são em geral de boa qualidade para abastecimento público e estão localizadas a até 1.500 metros de profundidade.
O projeto de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável do Sistema Aqüífero Guarani foi apresentado pelo secretário-geral do projeto, o brasileiro Luiz Amore, durante o 11º Congresso Mundial de Saúde Pública. Para os pesquisadores, o Aqüífero é hoje uma das mais importantes reservas estratégicas para o abastecimento e saúde da população e desenvolvimento de atividades econômicas e de lazer. Sete estados brasileiros – Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – estão localizados na área de ocorrência do Aqüífero. Além do Brasil, a reserva se estende até Paraguai, Argentina e Uruguai.
Uma das ameaças de contaminação dessa extraordinária reserva de água subterrânea são os poços abandonados. Em junho passado representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA), alertaram para a existência de 500 poços artesianos abandonados na região de Ribeirão Preto. Como não são corretamente tampados, os poços possibilitam que a água da chuva chegue aos depósitos do Aqüífero.
Os quatro países que abrigam a reserva subterrânea receberão apoio do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, que foi apresentado no Rio de Janeiro por Amore e tem previsão de ser concluído em 2008. Pelo projeto, além de medidas de proteção contra a contaminação, serão feitas análises das propriedades físicas e químicas da água do Aqüífero em diversos pontos da reserva subterrânea. O projeto já conta com áreas de pesquisa-piloto no Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.