Para que o direito à saúde seja assegurado, é necessária a construção de um sistema de saúde universal e gratuito, além de garantir a qualidade de seus serviços. A partir dessa compreensão, o Esquenta Abrascão do dia 09 de agosto debateu os desafios persistentes para o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e perspectivas para garantir melhor acesso da população brasileira.
Para os convidados, as maiores dificuldades em se fortalecer o Sistema Único de Saúde advêm da falta de políticas públicas voltadas para a área. “Precisamos olhar para o enfrentamento da privatização e para a falta absoluta de um plano que pudesse minimamente organizar o trabalho do SUS a partir da dimensão do trabalho público”, resumiu Dário Frederico Pasche, um dos coordenadores do debate.
Além desse problema a ser superado, os participantes ainda refletiram sobre os efeitos da desigualdade entre as regiões do país no acesso aos serviços de saúde, a importância de se pensar em interseccionalidade, a estrutura atual do SUS, sua eficiência e a necessidade de informação pública transparente dos dados, e reforçaram a importância de se entender a saúde enquanto um projeto.
“Quando a gente fala de agenda, a gente tem que ter um projeto aterrissado. E isso não é simples. Temos um imaginário de SUS igualitário e na realidade vemos leitos sendo reduzidos. Temos desafios estruturais no Brasil, e o maior deles é a desigualdade.”, afirma Lígia Bahia.
O debate também abriu espaço para proposta de resoluções para esses problemas: dar incentivo à dedicação exclusiva ao SUS de serviços contratados, a organização de serviços públicos especializados em toda a área de saúde, estender a cobertura às populações indígenas residentes em área urbana e a ampliação de equipamentos e tecnologias.
A mesa contou com a presença de Lígia Bahia (UFRJ e Comissão de Política, Planejamento e Gestão/Abrasco), Luiz Augusto Facchini (UFPel e Rede APS), Luiza Garnelo (ILMD/Fiocruz Amazônia e GT Saúde Indígena/Abrasco) e Diana Anunciação Santos (UFRB, GT Racismo e Saúde/Abrasco e vice-presidente da Abrasco); sob mediação de Marilia Louvison (FSP/USP, vice-presidente da Abrasco), Martinho Silva (IMS/Uerj e GT Violência e Saúde/Abrasco) e Dário Frederico Pasche (UFRGS, Comissão de Política, Planejamento e Gestão/Abrasco).