“Foi um processo intenso de busca de um lugar para a Promoção da Saúde. Apesar das controvérsias de como poderiamos estar institucionalizando a Promoção da Saúde dentro do Ministério, do SUS, buscamos radicalizar a ideia dessas práticas e das formas de intersetorialidade, promovendo uma forte interlocução nacional e internacional”, disse Lenira Zancan dando o tom do Esquenta Abrascão “20 anos do GT Promoção da Saúde e Desenvolvimento Sustentável (GTPSDS/Abrasco): pensando o futuro da produção de conhecimento e de políticas”, realizada na terça-feira, dia 16.
Em cerca de duas horas de debate, as pesquisadoras Lenira Zancan (ENSP/Fiocruz) e os professores Vanessa de Almeida (UFMG) e Marco Akerman (USP) passaram pelos principais feitos e contribuições do Grupo em duas décadas, tanto nas políticas públicas nacionais e estaduais de promoção da saúde como no desenvolvimento desse debate na academia, seja nos programas de pós-graduação, nos cursos de graduação e nas articulações e ações de cooperação técnica internacional.
Ao contar os debates dos primeiros 5 anos, Lenira evocou o nome de dois abrasquianos centrais na história da Associação e do pensamento brasilero da saúde: Antonio Ivo de Carvalho e Álvaro Matida, falecidos, respectivamente, em junho de 2021 e abril de 2022. “Foram eles, pelos lugares estratégicos que ocuparam, puderam nos ajudar a mobilizar nossas viagens: as de fato, realizadas para congressos e eventos pelo Brasil e pelo mundo, e as nossas produções acadêmicas, políticas e de movimentos dentro do setor”.
Marco Akerman abordou a relevância do GT com os movimentos sociais e e sociedade civil na 2ª metade do década de 2010, período no qual destacou a revisão da Política Nacional de Promoção da Saúde, marcada por um forte processo de capilarização da Polírica, como a realização da 22ª Conferência Mundial de Promoção da Saúde, em 2016. “Num momento tão difícil para o Brasil, em meio ao impeachment da Presidente Dilma e o Golpe sobre a presidente Dilma , tivemos a coagem de desenvolver um congresso robusto, que discutiu a questão da Austeridade e de onde saiu a Carta de Curitiba, até hoje citada como exercício e instrumento de advocacy. Tenho alegria e orgulho de ver essa relevância” disse ele.
Fechando as apresentações, Vanessa de Almeida ressaltou as atividades mais recentes, com foco no desenrolar das ações internacionais junto à UIPES e demais pesquisadores, resultante do e-book Ensino-Aprendizagem de Promoção da Saúde: práticas e reflexões ao redor do mundo.
Após as exposições, Dais Rocha, Júlia Nogueira e Rodrigo Tobias entraram na roda desdobrando dimensões sobre encontros, práticas e formas de se agir em saúde de forma coletiva e comprometida. A mediação foi de Simone Moysés, professora da PUC – Paraná.