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Impacto do desastre sobre a saúde em Brumadinho

Mariana Vick | Nexo

Foto: Corpo de Bombeiros/MG

O portal Nexo fez uma matéria sobre os impactos na saúde da população afetada pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG).  O texto baseia-se em estudo divulgado pela Fiocruz na semana passada. Confira trechos, abaixo:

Neste segunda (11) completam-se 17 dias desde que o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério de ferro da Vale provocou um desastre na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais. A tragédia, decorrente do vazamento de cerca de 8 bilhões de litros de lama sobre o município, destruiu casas, afetou plantações e zonas de criação de animais e poluiu um rio da região — o Paraopeba, na bacia do São Francisco —, deixando centenas de mortos e desaparecidos. Além de perdas humanas, socioeconômicas e ambientais em Brumadinho, o desastre deve causar impacto imediato sobre a saúde dos atingidos, aponta um relatório divulgado na terça-feira (5) pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), vinculada ao Ministério da Saúde.

O que diz o estudo

Assinado por sete especialistas, o relatório da Fiocruz identificou a possibilidade de surtos de infecções, o agravamento de doenças crônicas entre os atingidos, a piora de sua saúde mental e problemas como acidentes domésticos e doenças respiratórias decorrentes da toxicidade da lama. Além do vazamento de rejeitos em si, são causas para os diagnósticos o aumento de situações de estresse, transtornos pós-traumáticos entre os atingidos, a deterioração do saneamento e a perda de vínculo de pacientes com os sistemas de atenção básica de saúde.

Quais os diagnósticos

INFECÇÕES

Após o desastre, é possível que doenças infecciosas como diarreias leptospirose, esquistossomose (barriga d’água) e febre amarela se proliferem a médio prazo em Brumadinho e no entorno do Paraopeba.

DOENÇAS CRÔNICAS

Reduzido o acesso a serviços de saúde, podem se agravar doenças crônicas já existentes entre os atingidos — como doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes (que demandam suprimento permanente de remédios) e insuficiência renal (que dependem de hemodiálise).

SAÚDE MENTAL

Autores do estudo recomendam especial atenção a possíveis efeitos psíquicos decorrentes do desastre, como depressão e ansiedade. Em Mariana (MG), atingidos apresentaram “extrema vulnerabilidade psíquica” anos depois do rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, controlada pela mineradora Samarco, em 2015.

OUTRAS DOENÇAS

Após o desastre, a lama dos rejeitos se secará e poderá gerar exposição a “poeira rica em ferro e sílica”, diz a Fiocruz. Nesse sentido, é possível que os atingidos desenvolvam processos alérgicos, principalmente cutâneos e respiratórios. Isso aconteceu no município de Barra Longa, vizinho a Mariana, onde se verificou grande número de ocorrências de infecções respiratórias, cutâneas e conjuntivites. As análises da Fiocruz são baseadas em episódios de desastres anteriores a Brumadinho. O aumento nos casos de acidente vascular cerebral (derrame), por exemplo, foi observado após as enchentes em Santa Catarina de 2008 e o acidente nuclear de Fukushima, no Japão. A região de Mariana, onde ocorreu o desastre mais próximo do de Brumadinho, foi uma das mais afetadas por surtos de febre amarela nos últimos anos, além de ter observado aumento dos casos de dengue. Segundo a Fiocruz, a razão pode ter sido a degradação do ecossistema aquático e das margens do rio Doce, atingido em 2015 pela lama.

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As recomendações do estudo

VETORES

A Fiocruz recomenda adotar medidas contra surtos de doenças transmissíveis — dengue, zika, chikungunya e febre amarela — e de controle de vetores como o Aedes, além de campanhas de vacinação.

SANEAMENTO Sistemas de saneamento inexistentes ou danificados pelo desastre devem ser construídos ou reparados por obras emergenciais. Além disso, a Fiocruz recomenda intensificar ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano, tanto nas fontes de captação nos rios atingidos como nas águas distribuídas nas comunidades afetadas.

SISTEMAS DE SAÚDE Deve-se manter e reforçar os sistemas de atenção primária de saúde, em articulação com a vigilância em saúde. Esses serviços, segundo o estudo, devem manter atenção para o diagnóstico e tratamento de doenças não transmissíveis — como hipertensão, diabetes e doenças mentais, que merecem “especial atenção”.

Ao Jornal Nacional, da TV Globo, a Fiocruz afirmou que está “criando um plano com as autoridades de saúde” em Brumadinho com ações que devem durar até 2021. Pesquisadores disseram desejar que os custos do projeto sejam bancados pela Vale, dona da barragem que rompeu. A mineradora, por sua vez, afirmou que o atendimento médico para a comunidade segue o planejamento desenvolvido pelas autoridades de Brumadinho e que pode dar apoio à vacinação, caso seja solicitado.

Acesse a matéria completa .

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