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Rede APS e Abrasco debatem ações na pandemia com gestores municipais

Pedro Martins e Bruno C. Dias


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O enfrentamento da pandemia de Covid-19 tem exigido experiências locais na reorganização dos serviços ofertados pela Atenção Básica; e esse desafio tem aberto a possibilidade de iniciativas inovadoras na Estratégia Saúde da Família.  Realizado na manhã de 9 de junho, o 2º Seminário Virtual da Rede de Pesquisas em Atenção Primária à Saúde (Rede APS) reuniu gestores de diferentes áreas da saúde dos municípios de Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Niterói (RJ), Sobral (CE) e Rio de Janeiro (RJ). A atividade, organizada conjuntamente pela Abrasco e com apoio do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes), fez parte da programação das atividades da manhã da Marcha Pela Vida, um dia inteiro de ações da siociedade civil produzindo uma resposta à altura do que o momento exige.

Luiz Augusto Fachinni, presidente da Abrasco 2009 – 2012 e integrante da coordenação da Rede APS, ressaltou que tal seminário aconteceia no momento em que tenta-se esconder dados sobre a pandemia, algo grave para todos que precisam dar respostas e tomar decisões. As presidentes da Abrasco, Gulnar Azevedo, e do Cebes, Lúcia Souto, fizeram suas saudações e conectaram o tema do seminário aos seis pontos da declaração da Marcha Pela Vida. Também esteve presente no seminário a vide-presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais (Conasems), Cristiane Pantaleão.

A primeira experiência a ser relatada foi a de Belo Horizonte. O médico de família e Gerente de Atenção Básica da ciedade, Fabiano Guimarães destacou os elementos sobre como a APS ficou integrada à rede de saúde do município para melhor responder à pandemia: “Estamos falando de um município grande com mais de 380 equipes de saúde da família e com uma heterogeneidade grande”. Fabiano destacou ainda a iniciativa de fechar o comércio dois dias após a primeira morte na cidade, em 20 de março, o que foi acertado e achatou a curva de contágio. Além disso, destacou a integração com a secretaria de vigilância sanitária.

Em seguida, o enfermeiro Marcos Aguiar, coordenador do Sistema de Vigilância da cidade de Sobral, enfocou na questão da vigilância com participação comunitária e a reorganização de toda a rede da cidade para responder à pandemia. “Quando começaram os primeiros casos de Covid-19 na cidade, acreditamos que a APS era o caminho para que conseguíssemos garantir o enfrentamento da pandemia”, relatou Marcos. Segundo ele, a partir daí foi reestruturada a rede de saúde da cidade, que atende toda a região do entorno com cerca de 1 milhão e 600 mil habitantes.

O teleatendimento e a continuidade dos cuidados de rotina pelas equipes de Saúde da Família foram abordados por Ronaldo Zonta, do Departamento de Gestão Clínica de Florianópolis. Ronaldo apontou a importância de ter uma rede bem estruturada, com acesso fácil do usuário aos profissionais já vinculados a ele no momento em que precisar. O gestor apontou ainda a necessidade de integração tecnológica para melhora do serviço em todos os níveis e na gerência dos fluxos.

A experiência da Clínica da Família Zilda Arns, no complexo de Favelas do Alemão no Rio de Janeiro, foi exposta pelo médico da família Humberto Sauro. Em sua fala, Humberto trouxe exemplos de alguns pacientes e mostrou as informações que estão armazenando num banco de dados com uma “riqueza de detalhes”, segundo ele, que permite uma visão melhor. Além disso, também apontou a dificuldade de enfrentamento por conta de poucos testes, já que só os casos graves são testados.

A vice-presidente do Conasems ressaltou em sua fala final o importante papel das políticas de saúde nos municípios: “A exposição dos municípios mostra que você focar na atenção básica faz a diferença. É importante ressaltar que mesmo durante a pandemia, esses municípios conseguem dar a assistência do SUS à população” explicou Cristiane Pantaleão. O debate final do seminário retomou as críticas á postura do governo federal diante da pandemia, especialmente na recente tentativa de ocultação dos dados, algo que na visão de todos dificulta a tomada de decisões.

 

 

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