Mais de 50 abrasquianos e abrasquianas reuniram-se na última terça, dia 13, para a quarta e última reunião ampliada com a atual diretoria. Mais do que um balanço, a atividade renovou a confiança na atuação coletiva, reforçou as ações emergenciais e apontou os desafios para a Associação manter o dinamismo e o senso de pertencimento.
“Estamos no terceiro ato da nossa missão, num trabalho enorme que só é possível por contarmos com o apoio e o trabalho de vocês”, disse Gulnar Azevedo, presidente da Associação, ao abrir a reunião e apresentar os marcos desses três anos de gestão, com especial detalhamento nas atuações em resposta à Covid-19.
“Conseguimos construir de forma coletiva esse processo de enfrentamento à pandemia, com muita parceria dentro da diretoria e também com demais entidades, ampliando assim a nossa atuação. Fico feliz de termos enfrentado essas dificuldades e estarmos aqui unidos e falando do que podemos fazer mais. Fizemos muito, mas sempre podemos fazer mais”, completou Gulnar, destacando ainda o apoio e o suporte das equipes da Secretaria Executiva.
Na sequência, representantes de grupos temáticos (GT), redes, fóruns, comitês e comissões de área partilharam informes das atividades internas, avaliações e palavras de incentivo ao rumo trilhado.
“O trabalho da Abrasco no ano de 2020 foi um alento para todos nós da Saúde Coletiva e para parte importante da população brasileira. O conjunto das ágoras, das manifestações e das ações da Frente Pela Vida foram fundamentais”, ressaltou Lígia Giovanella, coordenadora da Rede APS, trazendo como exemplo a militância da Frente Pela Vida junto a deputados, senadores e ao Supremo Tribunal Federal contrária à abertura indiscriminada da compra de vacinas pela iniciativa privada. “Até o momento o projeto ainda não prosseguiu para a pauta do Senado. Foi uma repercussão muito importante”, disse Giovanella.
“Nunca tive tanto orgulho de ser Abrasco, tanta alegria em ver Gulnar e todos vocês, nossos representantes na mídia e nas redes sociais, numa atuação comprometida com os campos científico, político e social”, disse Leila Posenato Garcia, da coordenação do Fórum de Editores em Saúde Coletiva, reforçando os patamares de maior alcance, visibilidade e reconhecimento alcançados. “Pensar em tudo isso e ver essa disposição em fazer mais nos contempla.”
Ações de curto e médio prazo; para dentro e para fora: Juntamente com os elogios vieram as sugestões para ampliar ainda mais as características singulares da Abrasco, como movimento vivo da inteligência em saúde e na potencialização interna das pautas defendidas pela entidade.
“Se a Abrasco puder estar cada vez mais atenta ao direito da comunicação e ao direito de acesso das pessoas portadoras de deficiências será uma vitória. Conseguimos fazer uma Ágora que debateu o tema e teve todas as ferramentas necessárias. Precisamos avançar nas formas de acessibilidade em nossas atividades”, pontuou Francine Dias, do GT Deficiência e Acessibilidade.
Ampliar e potencializar as formas de acesso e a presença digital também esteve presente na avaliação de Marcelo Fornazin, da coordenação do GT Informação em Saúde e População. “Com as Ágoras conseguimos consolidar nossa presença no ambiente digital, com atividades que vieram para ficar. Hoje temos um diálogo aberto na internet,. Precisamos integrar mais atores da sociedade nessa frente que é a luta em defesa do SUS”, disse o abrasquiano.
Ana Lúcia Pontes, coordenadora do GT Saúde Indígena, e Luís Eduardo Batista, da coordenação do GT Racismo e Saúde e também integrante do Conselho da diretoria, ressaltaram o papel extremamente benéfico que a diversidade étnica e racial faz ao conhecimento e ao trabalho da Abrasco no movimento social. “Emergir pautas conjuntas nos faz tomar o olhar para dentro da Saúde Coletiva e pensar nos aspectos da formação. Precisamos ter um posicionamento mais contundente, pois ainda há muitos avanços a serem feitos”, marcou Luís Eduardo.
Diversidade combina com trabalho entre os grupos temáticos e democracia, aspectos apontados nas falas de Inês Rugani, da coordenação do GT Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva; Fernando Carneiro, da coordenação do GT Saúde e Ambiente; Letícia Nobre, da coordenação do GT Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora; Fátima Sueli, do GT Racionalidades Médicas; e Rodrigo Tobias, da coordenação do GT Promoção da Saúde. “É um desafio de fundo a gente caminhar numa maior articulação entre os grupos e a organicidade dos GTs com as agendas prioritárias da entidade. Temos atuações incríveis e poderíamos fazer coisas ainda mais potentes se investirmos nessa costura”, frisou Inês.
Acolhimento, escuta e vigilância pela ciência e pelos direitos humanos estiveram nas contribuições de Daniel Canavese, da coordenação do GT Saúde da população LBGTQIA+; Keila Brito, da coordenação do GT Monitoramento e Avaliação, de Anamaria Tambellini, do GT Saúde e Ambiente; e Mônica Nunes, da coordenação do GT Saúde Mental e da Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde. “Nesse momento em que todos nós nos sentimos temor diante desses enfrentamentos, fazer parte do meu GT e ter sido acolhido pela atual gestão fez toda a diferença”, disse Canavese.
“Toda ciência é humana; é fundamental pensar na multiplicidade das ciências e vermos que o ataque ao pensamento social só aprofunda, como efeito, as dificuldades de compreensão da crise sanitária. Há uma capacidade de enfrentamento e de solidariedade enorme nessa malha rica, diversa que forma nossa sociedade”, frisou Mônica.
Ao final, Gulnar agradeceu as contribuições, todas elas em direção ao fortalecimento da Abrasco e das ações em defesa da população que vem padecendo pelo vírus e pela fome. “Se o SUS não estiver fortalecido a Saúde Coletiva perde e muito a razão de ser. Esta é nossa tarefa: chegar a essas pessoas e, pelo nosso trabalho, possibilitar que eles falem por eles mesmos”.