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Reuters ouve Abrasco sobre combate ao mosquito Aedes aegypti

Vilma Reis

Foto: Pexels

O jornalista Anthony Boadle correspondente da agência de notícias Reuters, publicou matéria sobre o combate ao mosquito Aedes aegypti no Brasil. Maria da Glória Teixeira, epidemiologista da Bahia e diretora da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, foi uma das entrevistadas.

“O clima tropical, as cidades superpovoadas, o saneamento ruim e as construções mal feitas oferecem condições ideais para a reprodução do mosquito e para o alastramento do vírus Zika no Nordeste brasileiro, em todo o país e em mais de 20 nações das Américas” – alerta a reportagem.

Confira o texto na íntegra:

Pego de surpresa, Brasil sofre para conter disseminação do Zika vírus

RECIFE (Reuters) – A médica Angela Rocha, que cuida de crianças em Pernambuco, mede a cabeça de um bebê com microcefalia, uma complicação neurológica trágica ligada ao Zika, vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti que está desencadeando uma emergência sanitária nas Américas.

Fora da sala, sete mães com crianças de colo com a cabeça menor que o tamanho normal esperam em filas há horas para terem seus bebês examinados. Em poucos meses, mais de mil casos de microcefalia foram relatados no Estado de Pernambuco, o epicentro do surto de Zika.

“Fomos pegos de surpresa”, disse a pediatra Angela, especialista em doenças infecciosas da Universidade Oswaldo Cruz da capital Recife, onde os médicos lutam para cuidar de 300 bebês nascidos com a condição.

Surpresa é pouco. Em um país que durante anos combate o mosquito do Aedes aegypti –responsável por epidemias anteriores de dengue, febre amarela e outras doenças tropicais–, a disseminação do Zika e a avalanche de casos de microcefalia pegou o governo, as autoridades de saúde pública e os médicos com a guarda baixa.

O clima tropical, as cidades superpovoadas, o saneamento ruim e as construções mal feitas oferecem condições ideais para a reprodução do mosquito e para o alastramento do vírus Zika no Nordeste brasileiro, em todo o país e em mais de 20 nações das Américas.

“Simplesmente não tínhamos as condições ou os recursos necessários para deter o mosquito ou o vírus”, afirma Maria da Glória Teixeira, epidemiologista da Bahia e diretora da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, um grupo de profissionais de saúde pública.

Em meio aos alertas de governos e de agências de saúde multilaterais, as gestantes buscam agora evitar a exposição ao mosquito, pelo menos até o contágio ser freado ou os cientistas desenvolverem uma vacina, o que ainda pode levar anos.

Nesta semana as autoridades de saúde brasileiras planejam chegar a um acordo com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos para trabalharem em uma vacina. Alguns países latino-americanos aconselharam suas cidadãs a adiar a gravidez.

LOTADOS

Embora ainda não se tenha provado sua causa, a microcefalia foi clinicamente ligada pelos cientistas a mães que se acredita terem sido infectadas com o Zika durante a gestação.

Pernambuco tem mais de um terço dos 3.700 casos de microcefalia registrados no Brasil desde setembro, e seus hospitais estão lotados. As autoridades de saúde dizem que o número de novos casos está caindo no Estado, ao mesmo tempo em que aumenta em outras áreas.

Todos os dias, cerca de cinco novos casos chegam aos hospitais de Recife – eram 18 no auge da crise, em novembro, segundo Angela Rocha.

Atualmente não há cura para o Zika, que normalmente se manifesta como uma febre leve e dores corporais temporárias.

Para reforçar a batalha contra o mosquito, o Brasil está mobilizando milhares de agentes municipais, estaduais e federais, incluindo soldados, para procurar os locais de reprodução do inseto, realizar fumigações e conscientizar a população.

Em fevereiro, o governo irá acionar 220 mil soldados em uma mobilização de um dia para entregar folhetos e ajudar a identificar localidades potencialmente problemáticas.

Na cidade de Recife, autoridades preveem uma longa batalha. “Estamos tendo apenas um vislumbre da dimensão de um problema que deve se manter pelos próximos anos”, disse o secretário de Saúde de Recife, Jailson Correia.

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