A edição de outubro da Revista Ciência & Saúde Coletiva, editada pela Abrasco, retoma e rememora histórias do período da ditadura militar brasileira de 1964 a 1985, na interface com a saúde. Organizada pelo pesquisador e professor Gilberto Hochman, a edição conta com 27 artigos, entre temáticos, de revisão e temas livres, além da resenha e do editorial.
O dossiê, já disponível para leitura, destaca a dimensão repressiva do regime na sociedade e em instituições científicas, como na própria Fiocruz. Além disso, aborda a participação de médicos nos aparatos repressivos e as perseguições e resistências no âmbito das faculdades de medicina, no caso da Universidade de São Paulo (USP), tópicos sensíveis e pouco discutidos, mas também enfrentados nesta edição.
O período também foi marcado por resistência, aumento da consciência cidadã, particularmente no campo da saúde, em que análises críticas pavimentaram a construção do Sistema Único de Saúde (SUS) e do conceito de Saúde Coletiva, como destaca Hochman no editorial da edição temática.
“A saúde e a assistência médica no regime militar foram objeto de intensa reflexão da saúde coletiva, entre fins dos anos de 1970 e a primeira década da redemocratização do país, trabalhos importantes foram publicados sobre o tema”, escreveu.
Confira alguns artigos da edição
O artigo analisa a política de assistência à saúde desenvolvida durante o governo militar no Brasil (1964-1985), com foco principal na relação do setor público com o privado.
A pesquisa sistematiza e analisa em perspectiva histórica as discussões que permearam o tema da saúde indígena em interface com a demografia dessas populações.
O trabalho analisa os filmes produzidos e veiculados, entre 1976 e 1978, pela Agência Nacional e pela Assessoria de Relações Públicas (ARP) para a campanha de divulgação da vacinação obrigatória.
A Central de Medicamentos e a assistência farmacêutica na ditadura civil-militar (1970-1974)
O artigo analisa a formação das primeiras políticas de assistência farmacêutica executadas pelo Governo Federal brasileiro entre 1968 e 1974, durante a ditadura civil-militar.
A pesquisa analisa o Programa Integrado de Doenças Endêmicas (PIDE), criado em 1973 no Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).