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“É possível uma abordagem científica para a produção de políticas públicas”

Foto: George Magaraia/Abrasco

Um chamado à qualidade. Diante dos tempos atuais, marcados pelo obscurantismo e pela desqualificação da ciência, Rosana Onocko reforça a opção da Comissão Científica do 4º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde (4ºCBPPGS) em provocar e convidar a comunidade da área a apresentar trabalhos arrojados, inéditos e de alta qualidade.

“Este 4º Congresso tem de aprofundar a qualificação da nossa área como produtora de conhecimentos científicos e de subsídios para informar e orientar as políticas públicas. É muito relevante nesta atual conjuntura a sustentação da ideia de que é possível sim uma abordagem científica para a produção de políticas públicas, tanto no geral como na área da saúde, em específico, ao invés de se inventar soluções mágicas puxadas de cartolas e desassociadas da realidade” explica a presidente da Comissão Científica.

Para isso, a Comissão optou pelos resumos expandidos. A orientação disposta na seção Trabalhos do site do Congresso indica que ele deve conter oito elementos e distribui as quantidades máximas de caracteres por elemento para a redação do resumo, num máximo de 6 mil caracteres.

Rosana aponta que as opções metodológicas serão fortemente observadas nos relatos de pesquisa, enquanto a descrição detalhada das condições e dos enquadramentos que possibilitaram ou dificultaram a implementação de políticas contará pontos na avaliação dos relatos experiências.  Por priorizar trabalhos inéditos, os autores terão a possibilidade de escolher se publicam ou não o resumo nos Anais do Congresso.

Adiamento das datas: Diante da necessidade de proteger a saúde de todas e de todos os envolvidos com evento, dos realizadores aos participantes, a Comissão Organizadora do Congresso e a Diretoria da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) informam o adiamento do evento, que ocorreria entre os dias 25 e 29 de julho, em São Paulo-SP. A definição da nova data ocorrerá assim que as condições sanitárias permitirem e será amplamente divulgada nas mídias oficiais da Abrasco e do congresso. A inscrição de quem já realizou o pagamento está garantida.

“Este momento exige de nós da Comissão e da diretoria da Abrasco uma extrema responsabilidade, por isso decidimos pelo adiamento. No entanto, sabemos o quão importante é produzirmos conhecimento, inclusive para fortalecer o SUS diante do cenário sanitário. Por isso, estamos mantendo aberta a submissão de trabalhos, com prazo prorrogado até 15 de maio. Serão promovidos debates virtuais pré-congresso para produzirmos análises e alternativas para que nosso sistema universal consiga dar as melhores respostas à gravidade que se apresenta. Talvez tenhamos um congresso seja menor no aspecto multitudinário, mas tenho certeza de que será maior em sua reflexão”, analisa Rosana.

Confira a entrevista e submeta seu resumo expandido ao 4º CBPPGS até 15 de maio.

Abrasco: Ao escolher o lema “SUS e o projeto civilizatório: cenários, alternativas e propostas”, o que a Comissão Científica objetiva do 4º CBPPGS?

Rosana Onocko: Temos uma área de Política, Planejamento e Gestão da Saúde extremamente profícua no Brasil; são inúmeras as propostas de solução para os problemas do SUS e da saúde pública como um todo.  Se não nos falta produção, o que precisamos é melhor qualificá-la cientificamente no sentido de fortalecer a percepção dessa produção como um subsídio para informar e orientar as políticas públicas. Ao qualificar a produção, qualificamos a área e avançamos no diálogo com nossos “policy makers”, ou seja, os políticos e os corpos técnicos das gestões, mostrando que este conhecimento está disponível e deve ser utilizado.

Abrasco: Para o 4º CBPPGS o formato para submissão definido é o resumo expandido. Quais orientações gerais devem ser seguidas para submeter um bom resumo?

Rosana Onocko: Os resumos expandidos exigem que os pesquisadores apresentem maiores e melhores fundamentações teórica e metodológica. A gente sugere que a organização do resumo siga o modelo conforme proposto no site do Congresso. Nesse modelo, um bom resumo é quase um mini-paper. Por estarmos priorizando estudos originais, os autores poderão escolher e informar se querem ou não a publicação dos resumos nos Anais do evento, para poder manter o ineditismo do paper caso prefiram submete-lo  às boas revistas da área posteriormente.

Abrasco: A área de Política Planejamento e Gestão da Saúde é reconhecida pela força de seus debates, mas muitas vezes questionada pelos aspectos metodológicos de suas investigações, justamente o que a Comissão Científica tem achado importante destacar junto à comunidade da Saúde Coletiva. Que aspectos dos elementos metodológicos devem ser observados na submissão dos resumos na modalidade relatos de pesquisa?

Rosana Onocko: Nossa área tem se caracterizado pelo engajamento de professores e pesquisadores nos rumos de instituições e políticas públicas de saúde. Talvez por essa implicação e compromisso com a prática, com a gestão das instituições e aplicação das políticas, certas diferenças fiquem evidenciadas quando a área de Política é comparada com a Epidemiologia e as Ciências Sociais e Humanas em Saúde, os outros dois pilares que compõem junto com a Política o campo científico da Saúde Coletiva. Essa fragilidade do ponto de vista dos critérios metodológicos tem trazido problemas também em termos de produtividade científica. Temos tido dificuldade de explicar por que nossas metodologias têm um grau de formalidade diferente, por que lançamos mão de combinações de abordagens e de estudos diversos, e é porque temos compromissos próprios com a aplicabilidade, a prática e o desenvolvimento de tecnologias, e não só de conhecimentos. Esperamos que esse Congresso promova esse passo à frente na construção dessa consistência teórico-metodológica da área de Política, Planejamento e Gestão da Saúde, sempre inserida no marco da Saúde Coletiva brasileira.

Abrasco: Os mesmos critérios e rigores apontados pela Comissão servem tanto aos relatos de pesquisa como aos relatos de experiência. Especialmente para as experiências, que elementos metodológicos devem conduzir a organização do relato?

Rosana Onocko: Ao fazermos a exigência do resumo expandido também para os relatos de experiência o que a gente espera é um maior detalhamento e aprofundamento desses casos: saber mais sobre as condições que fizeram possível essas implementações; dar conta do contexto e das relações político-sociais que as atravessaram, das variáveis culturais e questões institucionais. Ou seja, tudo aquilo que constitui um marco para determinada experiência ter acontecido de forma exitosa, ou mesmo que tenha fracassado. Se não pesam tanto as questões epistemológicas, aos relatos cabem explorar os sentidos fenomenológicos, convidando os autores a tentarem descrever de maneira detalhada e mais densa possível as questões que possibilitaram ou dificultaram essas experiências.

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