“Precisamos garantir estabilidade institucional para o SUS. É muito trabalho, mas é importante que seja feito e não é impossível de ser realizado”, afirmou Rosana Onocko Campos, presidente da Abrasco, ao programa Giro Nordeste, no dia 22/3. A médica psicanalista, sanitarista e professora da UNICAMP, foi entrevistada por comunicadores de vários estados, e abordou pautas sobre gestão do SUS, vacinação e outros temas relacionados à saúde da população brasileira.
Sobre a queda da cobertura vacinal, no contexto da Covid-19, Rosana afirmou que a derrocada do Programa Nacional de Imunizações, o PNI, não é fruto do movimento antivacina: “Não fizeram isso sozinhos. Há uma ação deliberada do Ministério da Saúde e do governo federal, que criou uma campanha deseducativa”. Ela também comentou sobre o subfinanciamento do SUS, que gera barreiras no acesso à saúde quando, por exemplo, os horários de vacinação em unidades básicas de saúde são reduzidos por falta de pessoal e estrutura.
Outro assunto trabalhado pelos jornalistas foi a saúde mental da população, diante da crise sanitária, política e social. A professora afirmou que nunca houve protocolo para funcionamento do CAPS/SUS na pandemia, por exemplo, o que é um sintoma de falta de gestão e de cuidado: “Quando as instâncias de elaboração de luto são cerceadas, produz uma onda de adoecimento mental. A gente tem proposto que a política pública retome espaços de fala, representação, ressignificação. Multiplicando pontos de cultura, de atenção primária, acolhimento”, pontuou.
“Não vamos desistir do Brasil. Não vamos desistir do SUS, de criar condições de saúde mais dignas e mais igualitárias para a população. E a gente precisa trabalhar para isso. Nós do campo científico e político buscamos mostrar dados e evidências a quem toma as decisões, para mostrar que é possível”, finalizou Rosana, convocando a todos para o ato de lançamento da Conferência Nacional Livre, Democrática e Popular de Saúde, que acontecerá no dia 7 de Abril.
Assista à entrevista na íntegra: