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 NOTÍCIAS 

“Roubo de agrotóxicos é falso alerta do agronegócio”

Hara Flaeschen com informações da BBC Brasil

Preocupação maior deve ser com agrotóxicos legalizados Foto: Reprodução da internet

Na semana passada (16/11) a BBC News publicou uma matéria sobre os roubos de agrotóxicos no Brasil, sinalizando que o contrabando dos produtos “se tornaram um dos maiores problemas de segurança pública em vários estados” e que é um risco para a saúde da população, já que as pessoas podem consumir alimentos contaminados com agrotóxicos não regularizados. Fernando Carneiro, do GT Saúde e Ambiente da Abrasco, foi um dos entrevistados. O pesquisador afirmou que o alarde sobre esses crimes é um falso alerta do agronegócio, que desvia a atenção do que comprovadamente afeta a saúde dos brasileiros: “A preocupação maior tem que ser com o que já está liberado, são mais de 400 substâncias legalizadas que prejudicam a saúde da população e o meio ambiente”.

Segundo uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), “Mercado Ilegal de Agroquímicos”, o comércio ilegal dos químicos corresponde a aproximadamente 24% do mercado  de agrotóxicos no Brasil¹. André Burigo, também do GT Saúde e Ambiente da Abrasco, comentou sobre esses dados: “Se eles [o agronegócio] admitem que 24% dos agrotóxicos consumidos no Brasil são comercializados de forma ilegal, isso significa que devemos somar 24% no volume oficial de agrotóxicos comercializados, o que reafirma que somos um dos maiores consumidores de venenos, que não temos controle do que é utilizado no Brasil e que são muitos os impactos”.

Leia trechos da reportagem da BBC:

Normas técnicas burladas

As quadrilhas costumam vender os agrotóxicos roubados a intermediários, que os repassam a outros fazendeiros. Há casos em que os produtos são adulterados para ampliar os lucros das quadrilhas. Além de pagar preços abaixo do mercado, produtores que adquirem os itens roubados se livram de seguir normas técnicas que regem a venda de agrotóxicos no Brasil.

Quem compra um agroquímico em lojas deve apresentar uma prescrição assinada por um engenheiro agrônomo. Cabe a esse profissional orientar sobre o uso e determinar a quantia máxima a ser vendida, com base no tamanho da plantação.

Especialistas dizem que, quando a compra não segue esse procedimento, há mais chances de que o uso de agrotóxicos viole limites de segurança à saúde humana e ponha em risco os trabalhadores que os aplicam — ameaças que podem se agravar caso o produto tenha sido adulterado.

Membro do Grupo Técnico Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o biólogo Fernando Carneiro compara o comércio de agrotóxicos roubados ao contrabando de cigarros. “Assim como os cigarros, os agrotóxicos já são perigosos quando regularizados. O comércio ilegal amplifica esses riscos”, ele diz à BBC News Brasil.

Ex-servidor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e hoje pesquisador da Fiocruz no Ceará, Carneiro afirma que é “praticamente inexistente” a fiscalização do uso de agrotóxicos nas fazendas, o que facilita o emprego de produtos de origem ilegal.

¹ https://sindiveg.org.br/wp-content/uploads/2019/06/O-Contrabando-de-Defensivos-Agricolas-no-Brasil_Idesf-2019.pdf

 

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