8 de julho de 2013 – Por Bruno C. Dias
A forma como projetos contrários aos Direitos Humanos (cura gay e o estatuto do nascituro) e interesses político-imobiliários vêm sendo impostos à sociedade (remoções arbitrárias por conta de eventos como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos e de projetos urbanísticos e infraestruturais questionáveis, como as usinas na Região Norte e o Porto Maravilha, no Rio de Janeiro) já vinham agitando boa parte dos movimentos sociais brasileiros.
Porém, o aumento dos custos dos transportes públicos foi a gota d’água para dar novo ânimo à participação política da sociedade. Entre as diversas vozes, intervenções e movimentos que ganharam as ruas, o tema da Saúde retornou com força na agenda nacional e uma série de atos, palestras e fóruns têm destacado a importância desse debate ser – ainda mais – público e abraçado por todos os brasileiros.
Para David Soeiro, representante da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) no Fórum de Coordenadores de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Abrasco, as bandeiras de luta da saúde coletiva refletiram-se nos cartazes mesmo sem serem fruto de mobilização desses movimentos, o que demonstra a indignação e desejo de mudanças por parte da maioria da população. “Devemos considerar isto um importante movimento, pois temos muito a dizer e a dialogar com diferentes segmentos da sociedade nas nossas lutas pelo fortalecimento do SUS”.
David Soeiro, da ANPG, que acredita na mobilização social como um importante elemento na formação em saúde coletiva.
O estudante faz parte do Fórum de Estudantes da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), que organizou a mesa Qual o mal-estar na sociedade e na saúde pública? O evento, realizado em 28 de junho, contou com a participação do vice-presidente da Abrasco e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da ENSP, Nilson do Rosário, e da professora da UFRJ e membro do conselho da mesma entidade, Lígia Bahia. – saiba como foi.
Além de marcar presença nas ruas e promover atividades nos programas de pós-gradução em universidades e centros de pesquisa públicos e particulares, a ANPG redigiu um manifesto de apoio às lutas populares. “Entendemos este como um momento político importante na luta pela garantia de direitos essenciais e melhoria dos serviços públicos, expresso por forte envolvimento da juventude e de diferentes segmentos da sociedade, onde se incluem o movimento sanitário e outros, todos em busca de mais democracia e participação”, explica Soeiro. Alunos de graduação em Sáude Coletiva e de formação técnica em Sáude também vem promovendo debates, como o realizado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) no dia 9 de julho. Intitulada Ecos das Manifestações: Quais caminhos estamos trilhando?, a mesa-redonda contou com a participação de Guilherme Marques, doutorando em planejamento urbano e regional pelo IPPUR/UFRJ; Mauro Iasi, professor da Escola de Serviço Social da UFRJ (ESS/UFRJ) e presidente da Associação de docentes da mesma universidade, entre outros.
Profissionais da Saúde de todo o país presentes no ato Saúde + 10, em Brasília
Não são apenas os estudantes que estão mobilizados em prol das lutas da Saúde. Ainda nesta semana, (dias 10 e 11) o Conselho Nacional de Saúde (CNS) recolherá assinaturas da sociedade civil e se reunirá, em Brasília, para aprofundar o debate e reivindicação de 10% das receitas correntes brutas da União para o setor – veja mais. Estão convidados para o debate os ministros Gilberto Carvalho (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Saúde), além de deputados, senadores e demais autoridades e lideranças. A atividade é organizada pelo movimento Saúde + 10, que conta com a participação de entidades como OAB, CNBB, Conass, Conasems, CONAN, CONTAG e outros sindicatos.
O professor Paulo Amarante, presidente da Abrasme, entidade que organiza o I Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental, em setembro.
“O interesse de uma boa parte dos movimentos da saúde coletiva é articular as questões especificas com outras áreas da sociedade, como políticas públicas e movimentos em luta”, afirma o presidente da Abrasme, Paulo Amarante. A entidade organiza o I Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental no início de setembro, na cidade de São Paulo – leia a matéria – que debaterá de maneira informal e horizontal temas tanto do campo da saúde mental como dos movimentos sociais. “Já alguns anos trabalhamos com as Mães argentinas da Praça de Maio na articulação entre esses polos que contemplam subjetividades e diversidades culturais, políticas e de resistência. Temos de transformar nossas visões e ações em saúde para produzir novas formas de vida e concepções que potencializem o humano para além das medicalizações ou discussões unicamente orçamentárias” completa Amarante.
Calendário de atividades
Ato Político em defesa da Saúde Pública
Dia 10 de julho, a partir das 10h
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Endereço: SDC, Centro de Convenções Ulysses GUimarães, Ala Sul, 1º andar – Brasília
Reunião Conselho Nacional de Saúde (CNS) com Ministérios da Saúde e da Casa Civil
Dia 11 de julho
Local: Ministério da Saúde
I Fórum Brasileiro de Direitos Humanos e Saúde Mental
De 05 a 07 de setembro
Local: São Paulo