O médico pediatra e especialista em financiamento de Saúde Gilson Carvalho faleceu nesta quinta-feira pela manhã e o corpo será velado na Câmara Municipal de São José dos Campos, em São Paulo.
Para o presidente do Idisa – Instituto de Direito Sanitário Aplicado, Nelson Rodrigues dos Santos, Gilson era ‘ o companheiro de vida inteira de lutas humanistas’. José de carvalho Noronha divulgou nota de pesar onde destaca ‘Perdemos um grande e valoroso combatente. Sua bravura, inteligência e agudeza crítica continuarão a nos inspirar! A luta continua e a vitória é certa!’
A vice-presidente da Abrasco, Maria Fátima de Sousa, publicou a nota ‘Hoje a saúde coletiva brasileira fica menor. A subida de Gilson Carvalho para o andar de cima nos deixa viva a certeza que ele partiu deixando a imortalidade de sua obra na terra. Meu irmão de sonho que os espíritos de luz lhe recebam de braços abertos e com o perfume dessa flores. Sentiremos muitas saudades! E sua falta na luta incansável por um SUS UNIVERSAL , justo e com financiamento estável.’
Nascido em 1946 em Aracaju (SE), Gilson de Cássia Marques de Carvalho cresceu em Campanha (MG), cidade que considerava sua terra natal adotada, conforme citou em alguns dos artigos que escrevia.
Carvalho era formado pela Escola Federal de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e doutorado em Saúde Pública pela USP. Foi especialista ainda em Pediatria e Administração Hospitalar.
Exerceu medicina em Alfenas (MG), Jacareí e São José dos Campos. Na área pública atuou também como diretor estadual da Vigilância Epidemiológica na RMVale. Pelo Governo Federal, foi Secretário Nacional de Assistência à Saúde, diretor do Departamento do SUS (Sistema Único de Saúde) e de Controle e Avaliação do Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social).
Em setembro de 2013, Gilson participou do debate ‘Para onde vai o SUS?’ na Escola Nacional de Saúde Pública – Ensp/Fiocruz. A mesa-redonda, que também contou com a presença da pesquisadora de economia da saúde do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Iesc/UFRJ) Ligia Bahia, foi realizada no âmbito das comemorações dos 59 anos da ENSP.
‘A fala de Gilson Carvalho também foi permeada por questionamentos sobre o futuro do SUS. Segundo ele, essa resposta depende de como serão enfrentados os desafios que são postos na atualidade; e eles não são poucos. “Envolvem questões práticas, e os profissionais da ponta do serviço nem sempre tem tempo para refletir”, comentou ele perguntando: “Cadê vocês? O que os intelectuais da academia estão fazendo para ajudar os profissionais da prática, amarrados com o cotidiano? Vocês precisam nos ajudar a construir o SUS!”, apontou.
Gilson criticou ainda o mix de serviços público e privado. Ele destacou que, “o SUS permite que toda vez que ele não for suficiente se busque o privado para complementá-lo, mas não para substituí-lo, como vem ocorrendo. Há uma promiscuidade nessa relação. Há um movimento mundial de terceirização, inclusive temos terceirizado com muita facilidade as responsabilidades, as culpas e, consequentemente, as soluções”.
Entre os desafios contemporâneos da saúde que precisam ser enfrentados, o médico citou as relações entre os princípios da universalidade e da integralidade que garantiriam o ‘tudo para todos’, sendo essa a conjugação máxima da constituição da lei de saúde; os serviços próprios e privados; quantidade e qualidade de médicos; modelos a serem trabalhados; a eficiência gerencial e operacional; e a participação das pessoas nas áreas propositiva e controladora. “Eu defendo a integralidade regulada”, disse Gilson. Segundo ele, precisamos de regras, da regulação. Essa é uma função nobre do sistema único de saúde. “Não podemos achar que desenfreadamente vamos ficar na mão dos que levam vantagem”, ressaltou’. O jornal Folha de S. Paulo dedicou uma coluna para registrar o falecimento desse importante lutador da Saúde Coletiva. Confira aqui.