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A Saúde Coletiva perde Luiz Cordoni Jr.

Bruno C. Dias, com informações da SES-PR e INESCO

A Saúde Coletiva brasileira está de luto. Na manhã de 02 de agosto, faleceu Luiz Cordoni Júnior, um dos mais destacados sanitaristas brasileiros. Cordoni tinha 69 anos e teve óbito decorrente de complicações pós-operatórias na luta contra um câncer no aparelho digestivo.

Nascido em 09 de agosto de 1947, Cordoni Jr. ingressou na área da saúde aos 25 anos, integrando a primeira turma do curso de medicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL), em 1972. Ainda nos tempos de estudante, já se destacava pelo engajamento e entendimento das dimensões sociais da saúde, tendo produzido dezenas de trabalhos científicos, como o até hoje lembrado texto “Ascaris, o Embaixador”, publicado no Jornal do Centro Acadêmico Pedreira de Freitas (CAPEF), e no qual denunciava as mazelas do setor saúde. Formou-se, concluiu a Residência em Pediatria no Hospital Universitário da UEL em 1974 e tornou-se professor do mesmo curso.

Já docente, abraçou os debates e a construção da Medicina Social e da Saúde Coletiva, formando-se mestre pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP), e doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da mesma universidade (FSP/USP). Aprofundou Pós-graduação na USP, Mestrado e Doutorado em Medicina Preventiva e em Saúde Pública e foi um dos criadores do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da UEL, tendo contribuído ao longo de 27 anos para o desenvolvimento e conclusão de dezenas de dissertações e teses.

Na década de 1980, Cordoni Júnior conciliou a docência com a luta pela redemocratização, pelo direito à saúde e com a gestão. Foi Secretário de Saúde do Estado do Paraná entre 1983 e 1987, conduzindo a implantação e o desenvolvimento das Ações Integradas de Saúde (AIS). Nesse período, promoveu os primeiros Encontros de Saúde Comunitária em todas as regiões do Paraná, resultando na delegação estadual mais numerosa e ativa da 8ª Conferência Nacional de Saúde, abraçando e ajudando a formular as principais teses do Movimento da Reforma Sanitária, dentre elas o Sistema Único de Saúde (SUS). Tal papel o credenciou nacionalmente dentro do movimento da saúde, compondo a diretoria da Abrasco entre 1987 a 1989, no cargo de vice-presidente. Seguiu sempre próximo às atividades da Associação, participando do Fórum de Coordenadores dos PPPGs em Saúde Coletiva. Organizou também o núcleo Paraná do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (CEBES) e foi um dos fundadores e primeiro presidente do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva, depois Instituto (NESCO/INESCO), além de ter ocupado outros cargos e atividades. Como legado, Luiz Cordoni Júnior deixa três filhos, uma série de estudos científicos, gerações de alunos, colegas de trabalho e militância e uma contribuição expressiva na história da Saúde Pública paranaense e brasileira.

Assista abaixo o depoimento de Cordoni Júnior ao projeto “Depoimentos para a História – A Resistência à Ditadura Militar no Paraná”, desenvolvido pelo DHPaz – Sociedade Direitos Humanos para a Paz, em parceria com a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e sob a coordenação do Grupo Tortura Nunca Mais do Paraná.

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